A sequência de casos brutais de feminicídio e violência machista registrada no país nos últimos dias ampliou a indignação e a revolta de movimentos de mulheres e de diversos setores sociais, impulsionando uma articulação nacional que convocou atos em todo o Brasil para o próximo domingo (7). Denominado Levante Mulheres Vivas, as manifestações estão sendo organizadas nas capitais e em diversas cidades para denunciar a barbárie que atinge a vida das mulheres (confira a lista de atos ao final deste texto).
O caso de Taynara Souza Santos, de 31 anos, arrastada por dezenas de metros pelo ex-namorado na Marginal Tietê e que perdeu as pernas após o atropelamento, chocou o país. A brutalidade também marcou a agressão e tentativa de estupro contra Lais Angeli, de 30 anos, cometida pelo youtuber conhecido como Calvo do Campari, adepto da teoria misógina “red pill”. No Rio de Janeiro, Allane de Souza, de 41 anos, e Layse Pinheiro, de 40, foram assassinadas dentro do Cefet por um colega inconformado com a liderança exercida por elas. Em Santa Catarina, a estudante Catarina Kasten foi estuprada e assassinada com extrema crueldade a caminho da aula de natação.
Esses episódios expõem apenas a face mais visível de uma violência cotidiana que atinge milhões de brasileiras, especialmente as mais pobres e vulneráveis.
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Somente no 1° semestre foram 718 feminicídios
Pesquisa do DataSenado, divulgada no último dia 27 de novembro, revela que 3,7 milhões de mulheres sofreram violência doméstica ou familiar em 2025. Quase 60% enfrentam agressões há menos de seis meses; 21% convivem com episódios há mais de um ano. Em 71% dos casos, havia crianças presentes. Foram registrados 33.999 estupros apenas no primeiro semestre — uma média de 187 por dia — e 718 feminicídios.
Os números evidenciam que não se trata de episódios isolados. A violência machista integra a estrutura desta sociedade capitalista, que naturaliza a opressão e garante impunidade. A soltura do “Calvo do Campari” após audiência de custódia, mesmo com laudo comprovando agressões contra a namorada, é exemplo de um sistema que falha em proteger as vítimas.
Ao mesmo tempo, a expansão de grupos misóginos, como os adeptos da cultura red pill, como Thiago Schutz, e comunidades incels, amplia o ambiente de ódio. Esses espaços digitais radicalizam o machismo e influenciam diretamente crimes como os que vieram à tona recentemente.
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CSP-Conlutas lançou campanha “Emergência Nacional”
O Setorial de Mulheres da CSP-Conlutas lançou em junho a campanha “Emergência Nacional contra a Violência às Mulheres”, destacando a urgência de organização coletiva e enfrentamento direto.
O manifesto da campanha afirma que é preciso mais que indignação: é preciso denúncia, mobilização nas ruas e cobrança de políticas públicas que ataquem as bases materiais e ideológicas no capitalismo que sustentam o ciclo de violência contra as mulheres, cis e trans.
O Levante Mulheres Vivas, convocado para este domingo, precisa transformar indignação em ação. Vamos às ruas!
A CSP-Conlutas se somará à mobilização para denunciar a opressão machista na sociedade capitalista e a completa insuficiência das políticas públicas para enfrentar essa realidade.
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Panfleto do PSTU, Rebeldia e LIT-QI
Confira os atos já marcados (em atualização)
6/12:
Belém (PA): 8h, Boulevard da Gastronomia
Cuiabá (MT): 14h, Praça Santos Dumond
Porto Alegre (RS): 17h, Praça da Matriz
7/12
Aracaju (SE): às 10h, Praça Fausto Cardoso
Belo Horizonte (MG): 11h, Praça Raul Soares
Brasília (DF): 10h, Feira da Torre de TV
Campo Grande (MS): 13h, em frente ao Aquário do Pantanal
Curitiba (PR): 10h, Praça João Cândido – Largo da Ordem
Fortaleza (CE): 16h, estátua de Iracema Guardiã, Av. Beira Mar
Manaus (AM): 17h, Largo São Sebastião
Parnaíba (PI): 16h, em frente ao Parnaíba Shopping
Rio de Janeiro (RJ): 12h, Posto 5 – Copacabana
São Luís (MA): 9h, Praça da Igreja do Carmo, Feirinha
São Paulo (SP): concentração às 12h, ato às 14h, vão do Masp
São José dos Campos (SP): 15h, Largo São Benedito
Teresina (PI): 17h, Praça Pedro II
14/12
Salvador (BA): 14/12, às 10h, Barra (do Cristo ao Farol)