Padre Júlio Lancellotti, conhecido por seu trabalho humanitário, se viu abalado esta semana ao ser alvo de ataques oriundos da TV Canção Nova. Em uma postagem no Instagram, ele expôs Angela Menezes, autointitulada missionária da emissora católica, que lhe fez agressões verbais desumanas.
Angela Menezes, que trabalha como produtora, roteirista e locutora na Canção Nova, também gerencia um canal no YouTube em que propaga pregações extremistas.
“Não conheço essa senhora que me ataca de maneira violenta. Nunca fiz qualquer referência a ela e a seus amigos e ela pra defender alguns deles me ofende de maneira desumana”, escreveu ele ao compartilhar o print do perfil da mulher.
Diante da repercussão, ela deletou sua conta no Instagram, mas o Facebook segue no ar. A Canção Nova se pronunciou sobre o incidente, alegando em nota que não apoia discursos de ódio e que as opiniões expressas por Angela em suas redes sociais não representam a postura da instituição.
Segundo a emissora, a missionária está passando por um processo de orientação interna.
Adepta de fake news e teorias conspiratórias, ela é fã e dissemina o conteúdo criminoso dos padres Paulo Ricardo e José Eduardo de Oliveira e Silva. Pediu orações para José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, um dos 37 indiciados pela Polícia Federal por incitar ações antidemocráticas.
Ele criou e compartilhou uma “oração ao golpe”, pedindo coragem para que militares “salvassem o Brasil”. Fazia parte do chamado núcleo jurídico do golpe.
De acordo com o relatório da PF, o religioso pede que “todos os brasileiros, católicos e evangélicos” incluam nomes do ministro da Defesa (Brana Netto) e de outros 16 generais quatro estrelas. Ele pede “que Deus lhes dê a coragem de salvar o Brasil, lhes ajude a vencer a covardia e os estimule a agir com consciência histórica e não apenas como funcionários público de farda”.
A investigação da PF também cita o padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior, velho conhecido dos bolsonaristas e por uma selfie com o falecido “filósofo” picareta Olavo de Carvalho nos Estados Unidos, segurando um rifle. Angela fez várias selfies com o Padre Paulo Ricardo.
Padre Paulo Ricardo aparece inicialmente em um e-mail enviado pelo colega José Eduardo a Filipe Martins, então assessor para Assuntos Internacionais de Bolsonaro. No e-mail, ele solicita um encontro com Bolsonaro.
“Sabendo da firme posição do presidente Jair Bolsonaro em defesa da vida e contra o aborto, Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior e eu, que estamos há anos engajados no movimento pró-vida e conhecemos bem o desenvolvimento dos dispositivos facilitadores do aborto em nossa nação, gostaríamos de ter uma conversa privada com o presidente para lhe referir algumas iniciativas que podem ser tomadas imediatamente pelo Poder Executivo e que, portanto, são de seu especial interesse”, diz a mensagem destacada pela PF.
A PF também identificou outra troca de mensagens, em 12 de dezembro de 2022, entre José Eduardo e o sacerdote, na qual Paulo Ricardo afirma estar conversando com Filipe Martins.
“Trata-se de um diálogo realizado com o contato salvo como ‘Paulo Ricardo de Azevedo Jr.’, vinculado ao número de telefone +5565….., o qual pertence a Paulo Ricardo de Azevedo Júnior, em 25/12/2022, período em que os investigados ainda nutriam a esperança de consumação do golpe de Estado. Na mensagem, José Eduardo diz: ‘Estou falando com o Filipe Martins’”, afirma a PF.
