Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10), o ex-ministro da Justiça Anderson Torres tentou se desvincular do rascunho de decreto golpista encontrado em sua casa e afirmou que nunca discutiu, redigiu ou levou adiante qualquer proposta de ruptura institucional.

A tal minuta previa a decretação de Estado de Defesa e a prisão de autoridades para impedir a posse do presidente eleito em 2022, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na verdade, ministro, não é ‘minuta do golpe’, eu brinco que é a ‘minuta do Google’”, ironizou Torres diante da Primeira Turma do STF. Ele disse que recebia muitas propostas e ideias em papel e por mensagens durante o governo Bolsonaro, e alegou que o documento estava em meio a papéis genéricos enviados por sua assessoria. “Foi uma surpresa. Eu realmente nem me lembrava dessa minuta”, declarou.

“Era para ter sido destruída”

Torres argumentou que o rascunho “veio num envelope” do Ministério da Justiça e foi parar em sua residência junto com outras pastas que costumava levar para casa com discursos, agendas e documentos diversos. Disse que nunca discutiu o conteúdo com ninguém, tampouco levou a proposta adiante.

 Eu nunca trouxe isso à tona, isso foi uma fatalidade que aconteceu. Era pra ter sido destruída há muito tempo, eu nunca trabalhei isso. O documento era muito mal escrito, cheio de erros de português, até o nome do tribunal estava errado. Não é da minha lavra, não sei quem fez, nem quem mandou fazer”, afirmou.

Acusações contra Torres

Apesar das alegações do ex-ministro, a Procuradoria-Geral da República (PGR) o aponta como peça-chave em várias etapas da tentativa de golpe. Segundo os procuradores, Torres:

  • Replicou narrativas de fraude eleitoral, distorcendo informações da Polícia Federal;
  • Elaborou ou autorizou documentos golpistas, incluindo a minuta
  • Apoiou ações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para dificultar a chegada de eleitores ao segundo turno nas regiões onde Lula liderava;
  • Omitiu-se como secretário de Segurança do DF diante da iminente invasão às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.

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Last Update: 10/06/2025