Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A prisão preventiva do general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro, repercutiu entre integrantes do governo Lula (PT). O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta (PT), e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), se manifestaram publicamente, enfatizando o compromisso com a justiça, a preservação do Estado Democrático de Direito e a não anistia aos golpistas.

Em sua conta na rede social X, antigo Twitter, Pimenta destacou a importância de responsabilizar os envolvidos em ações golpistas. “O dia amanheceu com Braga Netto preso. Que todos os golpistas sejam investigados, julgados e responsabilizados por atentarem contra a nossa democracia”, afirmou o ministro, reforçando o tom enérgico do governo em relação aos crimes apurados pela Polícia Federal e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Por sua vez, Alexandre Padilha foi categórico ao declarar que não haverá tolerância com crimes contra a democracia. Em seu pronunciamento, destacou o manifesto apresentado na última reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (Conselhão), na quinta-feira (12), como um marco para reafirmar o compromisso do governo federal com a justiça e o Estado Democrático de Direito.

“Crimes contra o Estado Democrático de Direito não serão tolerados. Em defesa da democracia, sem anistia”, escreveu Padilha. A frase reflete o discurso defendido pelo governo Lula desde os ataques golpistas de 8 de janeiro, reforçando a narrativa de que a impunidade não terá espaço no Brasil.

Os parlamentares também se manifestaram sobre a prisão do golpista. O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) publicou memes nas redes sociais ironizando a notícia. Em um vídeo, a vinheta do “Plantão da Globo” é seguida por Bolsonaro dizendo “a Papuda lhe espera”, em referência ao presídio no Distrito Federal.

Boulos também lembrou que a prisão general de 4 estrelas, algo inédito no Brasil, acontece um dia após o “aniversário do AI-5”. A lei imposta pela Ditadura Militar, em 11 de dezembro de 1968, marcou o auge da repressão do regime após o golpe de 1964.

Walter Braga Netto foi detido em sua residência no bairro de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. O mandado de prisão foi emitido pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, no dia 10 de dezembro, sob a acusação de participação no planejamento de ações golpistas para impedir a posse de Lula (PT) após as eleições de 2022.

Além da prisão, buscas foram realizadas na casa do general, autorizadas pela mesma decisão. De acordo com o Exército, Braga Netto ficará sob custódia militar no Comando da 1ª Divisão do Exército, também localizada no Rio de Janeiro, conforme prevê a legislação para militares da ativa e da reserva.

No governo de Jair Bolsonaro (PL), o general foi ministro da Defesa e concorreu como vice na chapa do ex-presidente pelo Partido Liberal. Segundo o inquérito de mais de 800 páginas, ele foi um dos principais mentores dos planos para matar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

Antes de compor o governo de extrema-direita, Braga Netto tinha formação pelo grupo de operações especiais do Exército conhecido como “kids pretos”, que se destacou na trama golpista de 2022.

Em depoimento a Moraes, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, disse que “não se metia” na relação do ex-capitão com os “kids pretos”, grupo formado por militares das forças especiais do Exército.

Braga Netto e Jair Bolsonaro em entrevista coletiva. Foto: reprodução

Segundo Cid, o contato com esses integrantes era conduzido pelo ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto, conforme informações do Globo. O depoimento do tenente-coronel ocorreu no dia 21 de novembro, quando sua delação premiada foi homologada por Moraes, após a PF apontar inconsistências em versões anteriores.

De acordo com o relatório final da PF, o planejamento para matar Lula, Moraes e Alckmin foi apresentado e validado durante uma reunião realizada em 12 de novembro de 2022, na residência de Braga Netto, onde ele e outros kids pretos elaboraram um documento detalhando o plano de ação para manter Bolsonaro como presidente. O grupo de militares nomeou o esquema como “Punhal Verde e Amarelo”.

O objetivo do encontro era “apresentar o planejamento das ações clandestinas com o objetivo de dar suporte às medidas necessárias para tentar impedir a posse do governo eleito e restringir o exercício do Poder Judiciário”.

Conforme denunciou Cid em sua delação premiada, Braga Netto também entregou uma relevante quantia de dinheiro em espécie dentro de uma sacola de vinho para militares. A verba seria destinada a financiar o golpe de Estado.

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Last Update: 14/12/2024