O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, declarou que “a polícia não pode combater a criminalidade cometendo crimes” e defendeu a padronização do uso da força pelas polícias. A fala ocorreu após mais um episódio de violência envolvendo agentes da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e civis no Rio de Janeiro, horas após a edição de decreto sobre o uso da força policial.
Na noite da terça-feira, o carro de uma família foi alvejado por policiais da corporação na rodovia Washington Luís (BR-040), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Juliana Leite Rangel, de 26 anos, foi baleada na cabeça e está internada em estado gravíssimo. O pai dela também foi baleado.
Após o caso, a direção-geral da PRF afastou preventivamente das atividades operacionais os policiais envolvidos no caso.
O ministro também se solidarizou com as vítimas e seus familiares e informou que o ministério “tem empenhado todos os esforços para que as responsabilidades sejam devidamente apuradas”.
O caso ocorrido na terça-feira é mais um a somar-se a uma série de outros desvios no uso da força por parte da PRF que, vale lembrar, se tornou um braço importante da extrema-direita durante a gestão de Jair Bolsonaro.
Conforme levantamento feito pelo jornal O Globo, somente no estado do Rio de Janeiro, berço do bolsonarismo, houve uma explosão no número de mortes causados pela PRF entre 2019 e 2022.
O diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Oliveira, disse que a corporação está orientada para atuar conforme política de direitos humanos e que existe uma comissão de controle de letalidade policial.
Três governadores expoentes do bolsonarismo reagiram ao decreto do governo federal, mesmo diante dos inúmeros casos de abusos e mortes causadas pela falta de maior controle das polícias.
O centro das críticas gira em torno de um suposto “engessamento” das polícias nas abordagens e do que eles encaram como “interferência” federal em assuntos que seriam de ordem estadual.
Para Lewandowski, em declaração dada recentemente à imprensa, “a força letal não pode ser a primeira reação das polícias. Só podemos usar a força letal em última instância. É preciso que a abordagem policial se dê sem qualquer discriminação contra o cidadão brasileiro”.