Ministro de ‘Israel’: resgate de ‘reféns’ não é o mais importante

Nessa segunda-feira (21), o ministro das Finanças do Estado de “Israel”, Bezalel Smotrich, deu mais uma demonstração de qual é a verdadeira política do Estado sionista, ao afirmar que a libertação dos israelenses feitos prisioneiros pela Resistência Palestina não é o principal objetivo da guerra em Gaza. Segundo ele, o que está em jogo é a destruição completa do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e o controle absoluto da Faixa de Gaza.

A declaração foi concedida à rádio do Exército sionista, Galei Tzahal, e gerou forte reação dentro do próprio regime, inclusive entre familiares dos prisioneiros e integrantes da coalizão governista.

“Temos que dizer a verdade: devolver os [prisioneiros] do cativeiro do Hamas não é o objetivo principal. É obviamente um objetivo muito importante, mas aqueles que querem o Hamas destruído e evitar outro 7 de outubro devem entender que o Hamas não pode permanecer em Gaza sob nenhuma circunstância”, afirmou.

Um governo que abandona seus próprios ocupantes

De acordo com o Fórum de Famílias de Prisioneiros e Desaparecidos, que representa a maioria dos parentes dos israelenses capturados em operações militares da resistência, a fala de Smotrich é a confirmação de que o governo Netaniahu desistiu deliberadamente de libertá-los.

“O ministro está ao menos revelando a dura verdade ao público: este governo decidiu conscientemente abandonar os prisioneiros”, declarou o grupo em nota. “Smotrich — a história lembrará como você fechou seu coração para seus irmãos e irmãs em cativeiro e escolheu não salvá-los.”

As críticas se espalharam rapidamente. Einav Zangauker, mãe de Matan Zangauker — um dos capturados — afirmou que o ministro está disposto a sacrificar a própria população “por seus delírios messiânicos e psicopatas”. Em sua publicação, ela defendeu abertamente a derrubada do governo Netaniahu como única saída para trazer os prisioneiros de volta.

Já Lishay Miran-Lavi, esposa de outro prisioneiro, disse ironicamente agradecer a Smotrich “por dizer em público aquilo que o primeiro-ministro tem medo de admitir”. Segundo ela, o ministro havia prometido uma visita ao kibutz Nahal Oz nesta semana, mas cancelou após a repercussão negativa.

Divisão dentro da coalizão

As críticas não se limitaram à oposição. O deputado Moshe Gafni, do partido ultraortodoxo Judaísmo Unido da Torá (UTJ), disse que o retorno dos prisioneiros é a questão mais urgente do momento e comparou Smotrich aos sicários da época da destruição do Segundo Templo, que sacrificavam vidas humanas em nome de uma suposta causa nacional.

Smotrich, por sua vez, respondeu atacando Gafni e acusando-o de possuir uma “mentalidade de diáspora”, reafirmando sua visão fundamentalista:

“A vitória sobre o Hamas é, no final, uma forma de preservar vidas humanas”, argumentou, ao mesmo tempo em que defendeu a manutenção da guerra a todo custo.

Limpeza étnica como “solução”

Na mesma entrevista, o ministro da extrema direita voltou a defender a proposta de reassentamento da população palestina em outros países, uma política proposta pelo presidente norte-americano Donald Trump. Smotrich também reiterou que a Faixa de Gaza deve ser conquistada militarmente, completamente desmilitarizada e mantida sob controle de segurança permanente do Exército sionista. “Precisamos provar aos cidadãos israelenses e ao mundo que existe uma solução militar para o terrorismo. A alternativa à capitulação [de ‘Israel’] é conquistar Gaza e destruir o Hamas”, declarou.

As declarações do ministro vão de encontro, inclusive, ao discurso oficial de Benjamin Netaniahu, que afirma publicamente que a libertação dos prisioneiros seria “o objetivo supremo” da guerra. No entanto, na prática, o próprio regime sionista já rejeitou diversas propostas de cessar-fogo apresentadas pelo Hamas que previam a libertação dos capturados em troca da retirada das tropas de Gaza.

Os prisioneiros são descartáveis para o regime sionista

A fala de Smotrich revela o que já está claro desde o início da ofensiva sionista: a guerra contra Gaza não tem qualquer relação com a libertação dos israelenses capturados no dia 7 de outubro. O objetivo sempre foi a destruição da Resistência Palestina, o aprofundamento da ocupação militar e a eliminação de qualquer possibilidade de autodeterminação para o povo palestino.

As vidas dos próprios cidadãos israelenses, feitos prisioneiros durante a Operação Dilúvio de Al-Aqsa, são completamente secundárias para os objetivos políticos e militares do regime.

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