O ministro das Cidades, Jader Filho, afirmou nesta segunda-feira (8) que o Brasil “não pode mais adiar” o debate sobre Tarifa Zero, a gratuidade no transporte público urbano. Embora ainda aguarde os estudos econômicos do Ministério da Fazenda, o ministro transmitiu otimismo durante café da manhã com jornalistas, sobre a possibilidade de o país avançar numa solução moderna, sustentável e alinhada às experiências internacionais.
“Estamos chegando a um processo que o mundo inteiro já está tratando”, disse, durante café da manhã com jornalistas. Segundo ele, tão logo a Fazenda finalize os números, o Ministério das Cidades pretende dar celeridade à construção de uma proposta clara.
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Tarifa Zero como oportunidade de modernização do transporte
Jader Filho reconheceu que o modelo atual de financiamento do transporte público, dependente quase exclusivamente da tarifa paga pelo usuário, “não para em pé”. Mas destacou que a crise abre espaço para inovação e possibilidade de um novo pacto federativo.
Ele defende que União, Estados e municípios se comprometam conjuntamente com uma solução duradoura — inclusive repensando fontes de financiamento, modernização da frota, qualidade dos serviços e formas de custeio que reduzam desigualdades.
Para o ministro, a perspectiva é positiva: a mobilização nacional, somada ao esforço técnico da Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana, cria “as melhores condições em anos” para tirar o tema do papel.
Complexidade reconhecida, mas ambiente político mais favorável
Jader preferiu não antecipar detalhes da proposta antes dos cálculos da Fazenda, mas sua fala reforça que o governo está aberto a diferentes alternativas — de gratuidade parcial, como nos domingos e feriados, até tarifa zero universal, como defende o deputado Jilmar Tatto.
Mesmo que a implementação integral seja considerada difícil no curto prazo, o ministro avalia que o debate em 2025 pavimenta caminho para a construção de uma política pública ampla, que poderá amadurecer até 2026 e entrar com força na agenda nacional.
A mensagem interna no governo é de que a discussão deve seguir, mesmo que os estudos apontem soluções graduais. “O Brasil não pode mais adiar essa discussão”, repetiu.
Transporte acessível, cidades mais humanas
Segundo Jader Filho, o avanço da Tarifa Zero — total ou parcial — pode se tornar uma das transformações mais significativas da mobilidade urbana brasileira em décadas. Ele aponta três efeitos positivos:
1. Frear o sucateamento e recuperar passageiros.
Com queda de usuários e frota envelhecida, o sistema entrou em espiral negativa. A Tarifa Zero ou tarifas reduzidas podem reverter esse ciclo.
2. Estimular uso do transporte coletivo.
Menos carros nas ruas significa mais fluidez, menos emissões e cidades mais eficientes.
3. Integrar política urbana com inclusão social.
Gratuidade impacta diretamente a vida do trabalhador, reduz seu custo de deslocamento e amplia acesso a serviços essenciais.
“O modelo que está aí não funciona mais”, afirmou o ministro. “Estamos expulsando o usuário do transporte público — e isso precisa mudar.”
Minha Casa, Minha Vida e Reforma Casa Brasil avançam com otimismo
Além da Tarifa Zero, Jader Filho destacou avanços robustos na política habitacional. O governo pretende entregar mais de 100 mil moradias do Minha Casa, Minha Vida até junho de 2026. Hoje, 172 mil unidades estão em execução, com previsão de que 60% sejam concluídas no primeiro semestre.
O ministro celebrou ainda a aceleração das contratações: em novembro, foram 80 mil, acima da média anterior de 70 mil. Para ele, o ritmo tende a se manter — e até crescer — no próximo ano.
Sobre o Reforma Casa Brasil, Jader afirmou que o programa ganhará velocidade agora que os mecanismos operacionais estão consolidados. A expectativa é que, com a expansão das reformas e a modernização das regras de financiamento imobiliário, o déficit habitacional comece a cair mais intensamente a partir de 2027.
Debate amadurece e fortalece visão de futuro
Embora reconheça que a Tarifa Zero exige estudos detalhados, pactuação federativa e novas fontes de financiamento, Jader Filho transmite uma mensagem inequívoca: o país está pronto para iniciar uma transformação estrutural em sua mobilidade urbana.
Com diálogo federativo, renovação da frota, modernização das regras e políticas habitacionais avançando, o ministro vê um cenário “de oportunidade” para que o Brasil deixe para trás o modelo de transporte caro, instável e excludente — e se alinhe às melhores práticas internacionais.
“O Brasil não pode se furtar a isso”, disse. E, no governo, a ideia de que a Tarifa Zero será uma agenda cada vez mais central parece consolidada.