O momento é considerado propício pelo governo Lula para a indicação do novo presidente do Banco Central, e esse anúncio deve ocorrer em breve. Isso foi confirmado pelo líder do governo no Senado, senador Jaques Wagner (PT-BA).
“Hoje, todo mundo no Banco Central, mesmo quem está na direção, pelo que eu ouço, acha melhor indicar [o novo presidente], porque um Banco Central trabalha com expectativa de futuro”, afirmou, em entrevista a jornalistas, no Senado.
O mandato do atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, termina em dezembro.
Desde o início do ano, o governo marcou a intenção de antecipar essa indicação, mas os conflitos com Campos Neto, que criou embates com o governo na alta taxa de juros básicos, a Selic, e os confrontos do atual presidente com essas medidas provocaram reações negativas de representantes financeiros de uma oposição ao nome que Lula indicaria para o BC.
Nestas últimas semanas, contudo, o governo decidiu diminuir as críticas e centrar o debate econômico junto a representantes do governo das pastas especializadas, como é o caso do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o vice e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin.
Ainda, com a concentração do presidente Lula voltada às relações internacionais, em meio à crise da Venezuela e a agenda bilateral com o Chile, os meios de comunicação não estão voltados às farpas de investidores, e a ausência de Lula no país voltou os holofotes à atuação de Alckmin, enquanto presidente em exercício.
Foi assim que Alckmin vem apresentando em congressos e reuniões as críticas do governo às altas taxas de juros, argumentando a necessidade dessa redução para justamente melhorar os índices econômicos. “Não tem justificativa termos a segunda maior taxa de juro real do mundo”, disse Alckmin, nesta segunda (05).
O presidente em exercício participou da abertura do Congresso Aço Brasil e, diante de representantes da indústria e comércio, expôs os argumentos de que as reservas cambiais de US$ 370 bilhões, a segurança jurídica, o amplo mercado consumidor e o fato de que as exportações brasileiras bateram recorde de janeiro a julho deste ano, em dados recentes, vão na contramão da alta Selic.
“O Brasil tem a 6ª maior população do mundo, um mercado interno forte, amanhã sai o balanço das exportações de janeiro a julho com recorde. Temos reservas cambiais, e vejo com otimismo que a política fiscal será cumprida. Por isso, não tem razão o Brasil ter a segunda maior taxa de juro real do mundo. Isso atrapalha muito”, afirmou.
O presidente do Banco Central é o responsável por conduzir as negociações da instituição e martelar os índices da taxa básica de juros no país. Com os argumentos favoráveis, o governo pretende anunciar em breve o novo presidente da instituição.