A entrega do Ministério do Turismo pelo governo Lula ao Centrão corria um grande risco: o avanço da arriscada pauta da liberação dos cassinos. E após um ano seguindo as diretrizes do governo, Celso Sabino (União Brasil) iniciou os diálogos com parlamentares para alavancar esse objetivo.
Assim que assumiu a pasta, com o afastamento de sua antecessora Daniela Carneiro, denunciada por desvio de verba pública, o então aliado de Jair Bolsonaro, Sabino prometeu assumir a missão do governo Lula: “fazer do turismo uma ferramenta de desenvolvimento sustentável, que ajude a alavancar a economia e a melhorar a qualidade de vida do povo”.
No governo anterior, enquanto era deputado, Celso Sabino já teria acatado a um pedido do então ministro da Economia, Paulo Guedes, para retirar a taxação de brasileiros em offshores. Sabino era relator da Reforma Tributária. Mesmo tendo recuado posteriormente, o parlamentar indicou o aceno à então polêmica de Guedes e de Bolsonaro.
Sob Bolsonaro, o Ministério do Turismo foi usado, diversas vezes, para dar seguimento aos interesses da indústria dos cassinos. Conforme mostramos no especial Xadrez da Ultradireita, o lobby dos cassinos foi peça chave na ascensão e manutenção de governos da ultradireita pelo mundo, com financiamentos milionários em troca de tentativa de desregulações.
E Bolsonaro não ficou de fora, com ampla atuação e articulação para liberar os cassinos e jogos de azar no Brasil.
No Congresso, os principais entusiastas da polêmica são os parlamentares do Centrão, que no governo Bolsonaro só enfrentavam um principal opositor: a bancada evangélica.
Mas a missão não foi abandonada pelo Centrão e entusiastas da medida da ultradireita. O Painel da Folha de S.Paulo desta segunda (01) revela que Celso Sabino vem encaminhando a proposta e esteve em contato com senadores, nas últimas semanas, para a aprovação do projeto.
O ministro do Turismo justifica que a liberação dos cassinos trará investimentos para o país, impulsionando o setor. O texto já foi aprovado na Câmara dos Deputados no último ano do governo de Jair Bolsonaro.
Em julho, o projeto foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Em reuniões com o presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (União) e líderes de outros partidos, Sabino espera levar o texto com maioria para o Plenário do Senado.