O Ministério Público Eleitoral entrou com uma ação para pedir a suspensão do registro de candidatura do treinador Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, sob a acusação de abuso de poder econômico. 

O MP acolheu a representação da também candidata Tabata Amaral (PSB), de que o treinador teria uma “estratégia de cooptação de colaboradores para disseminação de seus conteúdos em redes sociais”.

Na ação, o texto informa que há “transgressão pertinente à origem de valores pecuniários, o abuso de poder econômico, o abuso de poder de autoridade e o uso indevido de meios de comunicação social em benefício de candidaturas devem ser reprimidos com veemência, gerando a cassação do registro/diploma e a pena de inelegibilidade cominada potenciada por oito anos quando demonstrada a procedência das acusações.”

O texto aponta ainda que Marçal promete ganhos financeiros aos apoiadores que disseminam nas redes vídeos de apoio à candidatura do treinador.

“Neste sentido, tem-se que o impulsionamento pago é vedado pela legislação eleitoral. Para desviar desta proibição, o candidato não faz o impulsionamento diretamente. Ao contrário, estimula o pretenso cabo eleitoral ou eleitor para que, de vontade própria, façam sua própria postagem ou propaganda. Neste momento, poder-se-ia até identificar a voluntariedade. Mas o comportamento não repousou apenas neste aspecto”, justifica a ação do MP.

Ao blog da Natuza Nery, o treinador afirmou que a fundação não tem fundamento e que trata-se de uma tentativa de “frear o fenômeno Marçal”.

Modus operandi

Na última semana, o GGN entrevistou dois especialistas para entender o “fenômeno Marçal”. 

“O que o Pablo Marçal fez é de uma inteligência excepcional, do ponto de vista de negócios. O mecanismo que mais promove visibilidade e monetizado são os chamados cortes. Ele inventou uma comunidade de pessoas anônimas que têm como responsabilidade uma competição interna para ver quem faz os melhores cortes do Pablo Marçal. Então, o Pablo Marçal transformou ele mesmo em uma espécie de plataforma e há centenas de pessoas no Brasil que fazem espontaneamente cortes, porque depois de um tempo há um certo tipo de júri que avalia quais são os melhores cortes para serem premiados”, explica o escritor e historiador João Cezar Castro Rocha.

No debate promovido pela revista Veja nesta segunda-feira (19), três candidatos se ausentaram devido à postura agressiva do candidato do PRTB: Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e José Luiz Datena (PSDB). 

Ivan Henrique de Mattos e Silva, professor de Ciência Política da UNIFAP e Coordenador de Políticas Temáticas do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, explicou o porquê da conduta debochada do treinador, que corrobora com a fabricação de vídeos curtos para as redes sociais. 

Segundo Silva, o deboche tem três funções específicas: silenciar o opositor, controlar a pauta (que também repercute fortemente nas redes sociais) e se adequar ao contra públicos nas redes sociais, que gera engajamento a partir de uma retórica ‘disruptiva’ e violenta.

Porém, uma vez que estas estratégias sejam confrontadas pela Justiça e pelos adversários, Pablo Marçal deve adorar a tese de que há uma conspiração geral do sistema, proclamando-se um lutador solitário contra o sistema. 

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Última Atualização: 19/08/2024