Boato – O Ministério Público de São Paulo entrou com uma ação para laicizar e acabar com a rede Canção Nova.
Análise
Uma ação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) relativa a rede Canção Nova está gerando uma série de protestos e uma narrativa por parte de católicos que acompanham a emissora de TV e Rádio.
As mensagens nas redes sociais afirmam que o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) está buscando laicizar e encerrar o caráter religioso da rede católica Canção Nova. Para algumas pessoas, isso significa uma perseguição do estado contra a liberdade religiosa. Leia algumas versões da história:
Versão 1: A esquerda quer destruir a Canção Nova porque seus líderes sabem que a Igreja de Cristo é a única força capaz de vencer o projeto de poder distópico que está sendo implantado por eles. Versão 2: Urgente! Você católico e cristão, precisamos nos mobilizar. O Ministério Público quer acabar com a Canção Nova!
Versão 3: Todos estão sabendo que o Ministério Público ajuizou uma ação para obrigar a TV Canção Nova a se tornar uma TV laica. Uma TV fundada por padre católico com o objetivo de evangelizar, com conteúdo 100% Católico será obrigada a retirar este conteúdo e colocar no lugar conteúdos não religiosos.
Lembrando que quando o Presidente Jair Messias Bolsonaro foi candidato e venceu as eleições em 2018, ele foi recebido pelo fundador Monsenhor Jonas Abib e teve total apoio. Agora, coincidentemente a TV Canção Nova está sendo perseguida. Na Nicarágua começou assim!
Checagem
Essas alegações geraram preocupações entre membros da Igreja e da comunidade religiosa, resultando em diversas manifestações nas plataformas digitais. Porém, não retrata a verdadeira intenção do Ministério Público.
Vamos checar respondendo o seguinte: 1) O que aconteceu entre o Ministério Público e a Canção Nova? 2) O Ministério Público quer laicizar (acabar com o caráter religioso) da Canção Nova? 3) O canal católico vai acabar ou deixar de ser religioso?
O que aconteceu entre o Ministério Público e a Canção Nova?
De fato, o Ministério Público de São Paulo ajuizou uma ação civil pública contra a Fundação João Paulo II, mantenedora da Canção Nova, alegando desvio de finalidade e apontando que a fundação estaria sendo controlada em favor dos interesses da Comunidade Canção Nova.
A promotoria solicitou o afastamento dos membros da comunidade da direção da fundação, visando assegurar a autonomia da instituição e evitar possíveis conflitos de interesse. Até o momento, não há decisão judicial sobre o caso.
O Ministério Público quer laicizar (acabar com o caráter religioso) da Canção Nova?
Não. Em nota oficial, o MP-SP esclareceu que a ação não tem como objetivo interferir no caráter religioso da Canção Nova. O intuito é garantir melhores práticas de governança na Fundação João Paulo II, assegurando que ela cumpra suas finalidades estatutárias, como serviços de radiodifusão, atividades educacionais, sociais e culturais, além de assistência social e médica.
A promotoria declarou que reconhece a importância da fé católica para a população paulista e afirma que a ação não aborda aspectos relacionados à fé ou ao trabalho benemérito realizado pela instituição religiosa. Leia:
O MPSP esclarece que a ação civil pública ajuizada pela promotora de Justiça Marcela Agostinho Gomes Ilha no tocante à Fundação João Paulo II tem como objetivo precípuo assegurar a autonomia da instituição, dotando-a das melhores práticas de governança para que continue cumprindo as tarefas previstas em seu estatuto, tais como desenvolver serviços de radiodifusão (inciso I, artigo 6º) com implantação de Sistema de Rádio e Televisão e outros serviços de telecomunicações (Artigo 7º); promover, manter e apoiar atividades educacionais, sociais e culturais (incisos III, VI, VII, artigo 6º); prover assistência social a pessoas carentes (incisos VIII, X e XI, artigo 6º); e implementar atividades de saúde pública e assistência médica (IX, artigo 6º).
Portanto, as versões difundidas nas redes sociais sobre uma suposta investida da dedicada promotora de Justiça autora da ação pela laicização da entidade, prejudicando assim a Canção Nova, não têm a mínima procedência. A Promotoria de Cachoeira Paulista reconhece a indissociável comunhão do povo paulista com a fé católica. Assim, é imperativo ressaltar que a ação em questão não aborda aspectos relacionados à fé ou ao exemplar trabalho benemérito realizado pela instituição religiosa em favor da população. O que se exige agora é tranquilidade para que a Justiça se manifeste no plano estritamente técnico.
O canal católico vai acabar ou deixar de ser religioso?
Não há qualquer indicação de que o canal Canção Nova será encerrado ou perderá seu caráter religioso. A ação do MP-SP busca apenas assegurar a autonomia da fundação e implementar melhores práticas de governança, sem interferir no conteúdo religioso transmitido pela emissora. Com a repercussão, as chances diminuíram mais ainda.
Conclusão
As alegações de que o Ministério Público de São Paulo pretende laicizar ou encerrar as atividades religiosas da Canção Nova são infundadas. O MP garantiu que a ação civil pública visa apenas garantir a autonomia e a boa governança da Fundação João Paulo II, sem interferir no caráter religioso da emissora.
Fake news ❌
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