José Luiz Gordon é o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES. Ele falou com exclusividade para o GGN em entrevista ao jornalista Luis Nassif na noite de segunda, 5 de maio. Em pauta, o papel do BNDES nas políticas econômicas do governo Lula 3.

Os principais pontos abordados por José Luiz Gordon durante sua participação incluíram:

  • A constatação de que o governo está empenhado em reconstruir e implementar políticas públicas estruturantes, destacando a dificuldade desse processo comparado à destruição.
  • O BNDES atua como um “alicerce” (fundação) da política “Nova Indústria Brasil” (NIB), liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.
  • A NIB se baseia em quatro pilares estratégicos:
    • Uma indústria mais verde: buscando produzir máquinas, equipamentos, biocombustíveis e agregar valor na cadeia de baterias, e não apenas exportar energia como commodity.
    • Uma indústria mais inovadora: o BNDES atingiu recorde histórico de apoio à inovação no setor empresarial em 2024, somando mais de R$ 43 bilhões em dois anos (com FINEP) com juros baixos para estimular P&D.
    • Uma indústria mais exportadora: a necessidade de ganhar mercado global, já que o Brasil representa apenas 1,5% do mercado mundial.
    • Uma indústria mais produtiva: buscando renovar o parque industrial brasileiro, que tem em média 15-16 anos, com tecnologias mais modernas (Indústria 4.0).
  • A agenda de inovação inclui fortemente a pesquisa e a conexão com a academia, e a taxa de juros mais baixa do BNDES é direcionada para a inovação devido ao risco e incerteza inerentes.
  • A NIB estabeleceu seis missões estratégicas onde o BNDES está focando o apoio: agroindústria sustentável e digital, complexo industrial da saúde, transição energética e descarbonização, mobilidade e infraestrutura sustentável, defesa e segurança nacional, e transformação digital.
  • Ele citou exemplos do impacto da NIB e do BNDES: uma empresa brasileira dobrando seu investimento em P&D devido à previsibilidade de recursos e a Bosch trazendo seu centro global de P&D de agronegócio para o Brasil pela primeira vez, graças à política estruturada e aos instrumentos financeiros.
  • A importância da vinda do centro de P&D da Bosch é estratégica: fixa pesquisadores/talentos no Brasil, atrai cérebros, desenvolve tecnologia no país para uso doméstico e exportação, fortalece a cadeia de fornecedores brasileira e gera empregos de qualidade.
  • O BNDES exige “conteúdo nacional” para financiamentos, inclusive para multinacionais, estimulando a cadeia produtiva brasileira (ex: produção de células de bateria para ônibus elétricos devido à demanda e financiamento público).
  • O Fundo Clima do BNDES aumentou significativamente sob a gestão atual, direcionado para investimentos verdes.
  • O BNDES tem focado no apoio às pequenas empresas e startups em inovação e digitalização, batendo recorde em 2023/2024, atuando através de bancos parceiros e fundos de equity (capital de risco) em áreas como saúde e tecnologias verdes.
  • Destacou o setor de fármacos como inovador no Brasil, recebendo recorde de apoio do BNDES para P&D e desenvolvimento de insumos nacionais (IFAs), crucial após a pandemia. O setor de máquinas e equipamentos de saúde também é relevante, vendendo para o SUS e exportando para o sul global.
  • Em relação à China, o governo está atento e implementou medidas de proteção para setores como siderurgia e automotivo, buscando fortalecer a indústria nacional sem fechar as portas, incentivando parcerias e a vinda de empresas chinesas para produzir e desenvolver tecnologia no Brasil.
  • Abordou a superação do período negativo da Lava Jato para o BNDES, refutando fake news (como sobre financiamento à exportação de serviços, que financiava empresas brasileiras e não países, coberto por fundo garantidor superavitário). Ele afirmou que o BNDES é transparente (“um aquário”) e a instituição pública mais transparente segundo TCU e CGU, e que estão trabalhando com o TCU para melhorar processos e o entendimento sobre o risco inerente a projetos de inovação.
  • O BNDES apoia a aviação verde, com uma chamada de R$ 6 bilhões para Combustível de Aviação Sustentável (SAF) que recebeu alta demanda global (R$ 60 bilhões), financiando aviões a etanol e o veículo elétrico voador (Eve) da Embraer, garantindo a fábrica da Eve no Brasil. O apoio geral do BNDES à Embraer aumentou drasticamente desde 2023.
  • Sobre competir com a China, Gordon destacou a necessidade de parcerias, mas também o foco em nichos estratégicos onde o Brasil tem potencial para desenvolver tecnologia e competir, como minerais críticos, carros voadores, biocombustíveis, fármacos e IA em alguns setores, buscando fortalecer a indústria e criar empregos mais competitivos.

Assista a entrevista completa abaixo:

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Last Update: 07/05/2025