A decisão dos Estados Unidos de avançar na concessão de licenças para exploração mineral em águas profundas reacendeu um debate global: a mineração do fundo do mar deve ser permitida?
Oportunidade econômica e tecnológica
O motor principal do interesse é a demanda crescente por minerais críticos, como níquel e cobre, fundamentais para baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas e equipamentos eletrônicos.
A área mais disputada é a Zona Clarion-Clipperton (CCZ), no Pacífico, a 1.770 km de San Diego.
Descoberta no século XIX, a região contém vastos depósitos de nódulos polimetálicos.
Projeções da Agência Internacional de Energia estimam que a demanda por esses metais pode quadruplicar até 2040.
A tecnologia já existe: veículos coletores percorrem o fundo marinho, sugando sedimentos e nódulos por meio de um tubo de quatro quilômetros de extensão. Cada módulo poderia extrair até 200 toneladas de material por hora, separando minerais úteis de lama e impurezas.
Defensores afirmam que a atividade seria menos danosa que a mineração terrestre, que exige barragens de rejeitos e desmatamento.
Riscos ambientais ainda desconhecidos
O contraponto é a incerteza sobre os impactos ecológicos. Pesquisas indicam riscos graves:
Morte de espécies bentônicas (organismos que vivem no fundo do mar) esmagadas pelas máquinas.
Sufocamento da fauna marinha por sedimentos suspensos.
Danos a ecossistemas frágeis e pouco conhecidos, com risco de extinções irreversíveis.
Possível interferência em espécies como águas-vivas e peixes abissais.
Cientistas argumentam que o oceano profundo é um dos ambientes menos estudados do planeta, e que abrir espaço para mineração seria um salto no escuro com consequências globais.
Pressão internacional e oposição crescente
O tema está na pauta da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), ligada à ONU. Mas a falta de consenso trava a definição de regras.
32 países já declararam oposição à mineração submarina sem garantias de segurança ambiental.
Entre eles: Canadá, França, Reino Unido, Alemanha, México, Suécia, Dinamarca e Áustria.
A França chegou a banir totalmente a atividade.
Já os EUA, ao defender a abertura, podem estimular outros governos a seguir o mesmo caminho.
Questões em aberto
Vale o risco ambiental? A escassez futura de metais críticos pressiona a favor da mineração submarina.
Ou o planeta deve esperar? Cientistas defendem um moratória global até que os riscos sejam melhor avaliados.
Existe alternativa? Aumentar a reciclagem de baterias e metais poderia reduzir a necessidade de extrair novos recursos.
📌 Em resumo: a exploração do fundo do mar oferece uma solução tecnológica para o déficit mineral do futuro, mas pode custar ecossistemas inteiros ainda desconhecidos. A decisão sobre avançar ou não envolve equilibrar segurança climática e segurança ambiental em escala global.