Os militares Hélio Ferreira Lima e Rafael Martins de Oliveira, que lideraram a frente operacional do plano “Punhal Verde e Amarelo”. Foto: Reprodução

Dois militares acusados de participar da tentativa de golpe contra o presidente Lula (PT) e o ministro Alexandre de Moraes tiraram férias do Exército durante a reta final do plano conhecido como “Punhal Verde e Amarelo”, que previa o sequestro e até o assassinato de autoridades.

Rafael Martins de Oliveira e Hélio Ferreira Lima, que lideraram a frente operacional do plano, se afastaram de suas funções entre novembro e dezembro de 2022, período considerado decisivo para o monitoramento dos alvos, conforme informações da colunista Malu Gaspar, do Globo.

Ambos estão entre os 11 militares denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por envolvimento na articulação golpista. A denúncia será analisada nesta terça-feira (21). Além deles, também são alvo da denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet, outros nove militares, entre os quais mais cinco kids pretos da ativa.

Liderança

Segundo a PGR, os dois “lideraram ações de campo voltadas ao monitoramento e neutralização de autoridades públicas” e “contribuíram para o planejamento de um Golpe de Estado”.

Rafael de Oliveira, conhecido como “Joe” entre os integrantes das forças especiais, atuava no Comando de Operações Especiais (Copesp), núcleo de elite do Exército formado pelos chamados kids pretos. Ele teria atuado diretamente com Mauro Cid, então ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).

Oliveira entrou de férias entre 21 de novembro e 16 de dezembro, mas, segundo a PF, estava em Brasília no dia 15, data em que o ministro Alexandre de Moraes foi monitorado na capital federal.

Mensagens extraídas do celular do general da reserva Mário Fernandes revelaram que Oliveira participava do grupo de WhatsApp “Copa 2022”, usado para coordenar a operação.

Quem é o general próximo a Bolsonaro que orientava golpistas
O ex-presidente Jair Bolsonaro e o general golpista Mário Fernandes. Foto: Isac Nóbrega/PR

Já Hélio Ferreira Lima tirou férias a partir de 7 de novembro e voltou ao serviço apenas em 6 de dezembro, mas, nesse intervalo, viajou de Porto Alegre a Goiânia e, de lá, seguiu com Oliveira até Brasília para integrar a operação de monitoramento. Gonet destacou que a passagem aérea foi comprada três dias antes da viagem, reforçando o caráter “particular” da missão.

Reunião de planejamento

Ambos estiveram presentes na reunião de 12 de novembro, na casa de Walter Braga Netto, em Brasília, apontada como o início formal do plano golpista. Na época, segundo o Exército, os dois ainda não estavam de férias. A proximidade entre as datas levanta suspeitas sobre a possibilidade de que as folgas tenham sido programadas para facilitar a execução do plano.

De acordo com a delação de Mauro Cid, Oliveira participou de uma reunião no Palácio do Planalto no dia 6 de dezembro, quando Bolsonaro teria dado aval ao plano na presença dele e de Cid.

Após essa reunião, Oliveira iniciou providências logísticas, como a compra de celulares descartáveis e a arrecadação de R$ 100 mil para financiar o golpe. Segundo Cid, o dinheiro foi entregue por Braga Netto em uma sacola de vinhos e teria vindo de empresários do agronegócio.

Em 15 de dezembro, foi o próprio Oliveira quem informou a Mauro Cid que a operação para sequestrar Alexandre de Moraes havia sido suspensa. De acordo com a PGR, o plano foi abortado porque o Comando do Exército não aderiu à conspiração.

Na véspera, Bolsonaro teria apresentado a versão final do decreto golpista aos comandantes das Forças Armadas, mas apenas o chefe da Marinha, Almir Garnier Santos, teria se colocado à disposição.

Já Hélio Ferreira Lima foi identificado em diversas áreas de vigilância, inclusive no entorno do STF durante uma sessão com Moraes e nos arredores do hotel onde Lula estava hospedado na transição de governo.

A PGR aponta sua participação direta na preparação da operação “Copa 2022”, confirmada por dados de antenas telefônicas obtidos pela Polícia Federal.

A sinalização de Lula a Alexandre de Moraes que pa... | VEJA
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, e o presidente Lula (PT). Foto: Reprodução

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Last Update: 20/05/2025