Thiago Ávila e Greta Thunberg em navio da Flotilha da Liberdade

O navio Madleen, da Flotilha da Liberdade, partiu no domingo (2) do porto de Catânia, na Sicília, em direção à Faixa de Gaza com suprimentos médicos e uma delegação internacional. A viagem desafia diretamente o bloqueio marítimo e terrestre imposto por Israel ao território palestino, onde mais de 2 milhões de pessoas vivem sem acesso a comida, remédios e ajuda externa.

Entre os passageiros estão a ativista climática Greta Thunberg, o ator Liam Cunningham, de “Game of Thrones”, e a eurodeputada palestina Rima Hassan, além do brasileiro Thiago Ávila. “Essa é uma missão civil com o objetivo simbólico de romper o bloqueio de Gaza”, declarou Thunberg. “Se ainda existe um grão de humanidade, devemos lutar por uma Palestina livre. Estou aqui porque é um dever.”

O Exército israelense afirmou estar se preparando para “uma variedade de cenários” e reiterou que continuará aplicando o bloqueio marítimo. Segundo a rádio militar israelense, qualquer tentativa de entrada não autorizada em Gaza será tratada como ameaça à segurança.

Essa não é a primeira tentativa da Flotilha da Liberdade. Em maio, o navio Conscience foi atacado por drones em águas internacionais, próximo a Malta. Segundo os organizadores, o ataque danificou o casco, provocou um incêndio e deixou o barco à deriva — embora sem feridos.

Eles atribuem o ataque a Israel, citando ameaças anteriores e lembrando o episódio de 2010, quando uma operação israelense contra o navio Mavi Marmara matou dez ativistas.

“É impossível não esperar violência de uma ocupação ilegal que comete genocídio e limpeza étnica contra o povo palestino”, afirmou Hay Sha Wiya, porta-voz da Flotilha da Liberdade.

Os operadores de drones israelenses estão em uma posição difícil: se fizerem o que querem com a Flotilha da Liberdade, poderão ser acusados de “crimes de guerra”, e se permitirem que os barcos passem, isso estabelecerá o precedente de que os palestinos possam comer.

Especialistas da ONU alertaram Israel para não interferir na missão, destacando que impedir ajuda humanitária em águas internacionais fere o direito internacional. Eles reforçaram que a população palestina tem direito de receber auxílio por vias marítimas próprias.

Desde 2 de março, Israel mantém fechadas todas as passagens de ajuda humanitária para Gaza. Segundo a Flotilha da Liberdade, desde 7 de outubro de 2023, a campanha militar israelense já matou e feriu mais de 178 mil palestinos, a maioria mulheres e crianças. Há ainda mais de 11 mil desaparecidos e centenas de milhares de pessoas deslocadas à força.

“A Madleen se dirige a Gaza com ajuda essencial, navegando por águas internacionais e europeias rumo ao território palestino”, declarou a Flotilha da Liberdade. “Essa viagem desarmada e não violenta está em total conformidade com o direito internacional. Qualquer ataque será um ato deliberado e ilegal contra civis.”

A previsão é que o navio se aproxime de Gaza dentro de uma semana, mas há receio de que forças israelenses o interceptem, como fizeram no mês passado com o navio Al-Dameer.

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Last Update: 04/06/2025