Um dos militares que integrava o grupo de WhatsApp “Dosssss!!!”, composto por oficiais que fizeram o curso das Forças Especiais, conhecidos como “Kids Pretos”, chegou a sugerir um campo de reclusão, conforme aponta um inquérito da Polícia Federal (PF) que investiga uma tentativa de golpe de Estado.
O grupo, criado pelo tenente-coronel Luís Costa, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), reunia cerca de 90 militares e teve o nome inspirado na última sílaba do termo “Comandos.”
No dia 19 de novembro de 2022, um major perguntou no grupo: “Alguém tem algum planejamento ou viu em algum momento a condução de um campo de reclusão sem aparelhos? Caso sim, chamar no privado.” De acordo com a Polícia Federal, a sigla CPG significa “Campo de Reclusão.” O militar que fez a pergunta não está entre os 37 indiciados pela polícia.
Em resposta à mensagem, o tenente-coronel João Silva, que foi indiciado pela PF, escreveu: “Auschwitz!!”. No relatório, a PF destacou: “Auschwitz é o nome do mais mortal e famoso campo de concentração nazista onde foram assassinadas um milhão de pessoas (a grande maioria formada por cidadãos judeus).”
No mesmo dia, o major que sugeriu o campo de reclusão comentou novamente no grupo: “Vai ter careca arrastado por blindado em Brasília?”, uma referência pejorativa frequentemente usada para se referir ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
As informações constam de anexos do inquérito sobre a trama golpista que foram tornados públicos nesta semana. A PF indiciou 37 pessoas por tentativa de golpe, tentativa de abolição violenta do Estado de Direito Democrático e organização criminosa.