O ditador saudita Mohamed bin Salman, conhecido por presentear o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com kits de joias, é patrão de Neymar e alvo de inúmeras denúncias, incluindo o esquartejamento de um jornalista dissidente, intolerância religiosa e a imposição de um apartheid contra mulheres e homossexuais. Com informações do Globo.
Salman é o primeiro na linha de sucessão ao trono saudita e foi nomeado primeiro-ministro em setembro do ano passado, cargo tradicionalmente ocupado pelo rei, que sofre de Alzheimer.
Antes disso, ele atuou como vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa. Segundo a consultoria Brand Finance, seu patrimônio é avaliado em US$ 1,4 trilhão (cerca de R$ 7,8 trilhões).
O ditador, que tem acumulado diversos bens nos últimos anos, assinou um contrato de duas temporadas com Neymar para jogar no Al-Hilal, um dos clubes adquiridos pelo fundo estatal de investimentos da Arábia Saudita. No entanto, Salman é alvo de inúmeras denúncias.
Assassinato de jornalista
Um relatório da Inteligência dos Estados Unidos, divulgado em 2021, concluiu que Mohamed bin Salman aprovou a operação para “capturar ou matar o jornalista” Jamal Khashoggi.
Jamal desapareceu em 2 de outubro de 2018, após entrar no consulado saudita em Istambul. A Arábia Saudita, entretanto, alegou que ele foi morto durante uma briga.
Khashoggi, originário de uma família influente na Arábia Saudita, vivia nos Estados Unidos desde 2017 por questões de segurança. Ele escrevia para o The Washington Post e estava envolvido em projetos de oposição ao regime saudita, promovendo reformas. O jornalista foi estrangulado e seu corpo desmembrado por um grupo de 15 assassinos sauditas.
Bombardeios no Iêmen
Já em 2018, um grupo de direitos humanos iemenita processou Mohamed bin Salman por cumplicidade em tortura e tratamento desumano. A queixa afirma que, como ministro da Defesa da Arábia Saudita, ele foi responsável por vários ataques aéreos que mataram civis no Iêmen.
Encontros Familiares
Segundo 14 funcionários da inteligência dos EUA em depoimentos ao canal NBC News, o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman proibiu sua mãe, a princesa Fahda bint Falah Al Hathleen, de se encontrar com o rei Salman, que sofre de Alzheimer.
A razão seria o receio de que ela pudesse prejudicar seus planos de consolidação no poder. Os funcionários afirmam que Mohamed manteve sua mãe afastada do rei por mais de dois anos, possivelmente sob prisão domiciliar em um palácio real.
Perseguição Religiosa
Vale destacar que a Arábia Saudita, governada por uma monarquia absolutista, é um país com uma população quase inteiramente islâmica e sem liberdade religiosa. A conversão ao cristianismo é ilegal e pode levar à pena de morte, sendo considerada um crime de “apostasia”.
Os cristãos são proibidos de praticar sua fé abertamente, mesmo em suas próprias casas, que são frequentemente inspecionadas pela polícia religiosa. Qualquer sinal de culto cristão pode resultar na expulsão do país.
Opressão contra mulheres
Além da repressão religiosa, a sociedade saudita exerce uma opressão intensa sobre as mulheres, que são rigidamente monitoradas.
Durante as investigações e perseguições contra cristãos, as mulheres ficam ainda mais vulneráveis, pois são culturalmente pressionadas a manter a reputação da família intacta. Qualquer comportamento considerado inadequado pode desonrar a família e é visto como um pecado grave.
As mulheres sauditas não podem sair de casa sem a companhia de um parente masculino e estão expostas a riscos de abusos físicos e sexuais. Essa vulnerabilidade está ligada à posição submissa das mulheres na sociedade saudita e à ausência de proteção quando estão desacompanhadas.