Milhares vão às ruas em atos em defesa da soberania e contra a anistia aos golpistas
Mobilizações se unem ao já tradicional Grito dos Excluídos, realizado anualmente pelas pastorais sociais da Igreja Católica
Milhares de pessoas ocupam as ruas de diversas cidades do Brasil, neste domingo (7), quando o país completa 203 anos de Independência, em manifestações contra a anistia aos golpistas, pela isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, pela taxação dos super-ricos e o fim da escala 6×1.
Com o lema “7 de Setembro do Povo – quem manda no Brasil é o povo brasileiro”, as mobilizações se unem ao já tradicional Grito dos Excluídos, realizado anualmente pelas pastorais sociais da Igreja Católica, que terá como tema: Cuidar da Casa Comum e da Democracia é luta de todo dia.

Ato na Praça da República, em São Paulo. Foto: Elineudo Meira/PT
Em São Paulo, os manifestantes se reúnem, desde às 9h, na Praça da República, na região central da capital paulista. O ato é organizado por movimentos como o MST e o MTST, e o Fórum das Centrais Sindicais, que engloba os principais sindicatos do país.

Ato na Praça da República, em São Paulo. Foto: Elineudo Meira/PT
Manifestantes exibem cartazes de “Brasil soberano” e “o Brasil é dos brasileiros” em mensagem contra o tarifaço de Trump.
Foram confirmadas, no ato da República, as presenças de Luiz Marinho, ministro do Trabalho e Emprego, e do presidente nacional do PT, Edinho Silva, além de deputados federais da base de Lula, como Guilherme Boulos (PSOL-SP) e Erika Hilton (PSOL-SP).
Ato no Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, a mobilização ocorre no Centro da capital fluminense. O ato conta com a presença de figuras importantes da esquerda carioca e parlamentares, como os deputados Chico Alencar (PSOL-RJ), Benedita da Silva (PT-RJ), Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ).

Ato no Rio de Janeiro.
“O Brasil inteiro se manifesta e vai para a rua dizendo que o ‘Brasil é nosso’, quem manda nesse país é o povo brasileiro. Trump, tire suas botas do nosso país, nós não aceitamos essa agressiva do imperialismo norteamericano aqui. O imperialismo sempre atuou na América Latina, mas fazia isso escondidinho, apoiando golpes militares, empurrando suas agendas contra o Estado. Dessa vez, ele foi aberto e explícito. A tarifa está aí”, disse Jandira.
“Trump, quero lhe dizer: Bolsonaro vai preso, vai para a cadeira, que é o lugar de quem atenta contra a democracia brasileira”, completou, em recado ao presidente dos Estados Unidos.
Em discurso, Pastor Henrique Vieira destacou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e os demais réus pela trama golpista. “Nesta semana, provavelmente viveremos um momento histórico para este país. Generais, ex-ministros e o genocida Jair Bolsonaro responsabilizados penalmente por uma tentativa de golpe de Estado. Isso é fundamental para a memória, verdade, justiça e defesa da democracia. Eu lembro daqueles e daquelas que foram torturados na ditadura militar, deram seu suor, corpos e sangue para a gente resgatar uma democracia neste país”.
“Está chegando a hora de Bolsonaro ir para a cadeia. Quem pensa que o bolsonarismo acabou, não acabou. Eles estão aí matutando para 2026 com quase absoluta certeza de que eles vão conseguir dar uma boa rasteira na esquerda. Nós estamos demonstrando, com este ato, que é importante termos a unidade da esquerda, dos movimentos sociais e todos que defendem a democracia”, destacou Benedita da Silva.
As mobilizações contam com pontos de coleta de votos do Plebiscito Popular, que consulta a população sobre a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e maior taxação sobre os super-ricos; fim da escala 6×1 e redução da jornada sem redução salarial.
Mobilização se espalha pelo país
Os atos também se espalharam por outras regiões do país, com mobilizações no Norte, Nordeste, Sul e Centro-Oeste. Grupos se reúnem em cidades como Brasília, Mossoró, no Rio Grande do Norte, Belo Horizonte, em Minas Gerais, Salvador, na Bahia, Belém, no Pará, dentre outras.

Ato em Belo Horizonte (MG)

Ato em Mossoró (RN)
Grito dos excluídos
Conhecido como “Grito dos Excluídos”, o ato ocorre há 20 anos e é organizado por frentes sociais. Desde que o ex-presidente Bolsonaro passou a utilizar os desfiles de 7 de Setembro como parte de sua bandeira política, o ato ligado à esquerda ganhou também conotação de oposição política ao bolsonarismo.
Na noite deste sábado (6), em pronunciamento nacional, o presidente Lula (PT) defendeu a soberania e mandou recados para o seu antecessor e para o presidente dos EUA, Donald Trump.
A bandeira da soberania tem sido adotada pelo governo federal nas últimas semanas em reação às determinações de Trump de impor sobretaxa de 50% a produtos brasileiros e às sanções americanas a autoridades brasileiras, usando como justificativa o julgamento de Bolsonaro.
“Não somos e não seremos novamente colônia de ninguém. Somos capazes de governar e de cuidar da nossa terra e da nossa gente, sem interferência de nenhum governo estrangeiro”, disse Lula.
Ele afirmou que o Brasil tem relações amigáveis com todos os outros países, mas “não aceitamos ordem de quem quer que seja”. “O Brasil tem um único dono: o povo brasileiro”, afirmou.
A organização do ato da esquerda deste domingo envolve a Frente Povo Sem Medo, que reúne movimentos como o MST e o MTST, e o Fórum das Centrais Sindicais, que engloba os principais sindicatos do país.
A CUT (Central Única dos Trabalhadores) evita falar em números de participantes e diz que os sindicalistas vão às ruas defender a “pauta da classe trabalhadora”, que inclui soberania, isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000, taxação dos super-ricos, fim da escala 6×1, redução da jornada de trabalho sem redução de salário e contra pelotização irrestrita.