O governo argentino deu início ao plano de construção de uma cerca de 200 metros na fronteira com a Bolívia, na cidade de Aguas Blancas, província de Salta, como parte do Plano Güemes, anunciado pelo presidente Javier Milei para combater o tráfico de drogas e o contrabando. A medida, que pretende restringir travessias irregulares e forçar o uso dos postos de migração, foi alvo de críticas do governo boliviano e de organizações defensoras de direitos humanos.

O projeto prevê a instalação de uma grade de 2,5 metros de altura entre o terminal de ônibus e o posto de imigração de Aguas Blancas, localizada a cerca de 1.600 quilômetros de Buenos Aires. Segundo autoridades locais, o objetivo é interromper o fluxo de mercadorias contrabandeadas e conter a movimentação de pessoas fora dos canais legais. O ministério da Segurança argentino classificou a região como um “ponto crítico” de narcotráfico e alegou que a obra representa uma resposta ao “descontrole” da fronteira.

Em comunicado oficial, o governo boliviano expressou preocupação com a decisão unilateral, afirmando que medidas como essa podem prejudicar a convivência pacífica entre os dois países. A chancelaria boliviana destacou a necessidade de soluções conjuntas para os desafios da fronteira, reiterando que ações unilaterais não favorecem a boa vizinhança.

Além das críticas diplomáticas, a obra gerou controvérsias internas. Representantes de organizações civis apontaram que a cerca pode agravar as tensões nas comunidades fronteiriças e prejudicar pequenos comerciantes que dependem do trânsito diário entre os dois países.

A construção da cerca reflete a ampliação do discurso antimigração do presidente Milei, alinhado a líderes de extrema direita como Donald Trump. Recentemente, Milei defendeu políticas mais duras contra a entrada de imigrantes na Argentina, argumentando que isso é necessário para combater o aumento da violência e a competição desleal no comércio local.

Iniciativas desse tipo reforçam a criminalização da migração e desviam o foco de problemas estruturais, como o desemprego e a desigualdade social. A decisão também reacende debates sobre os impactos das políticas de fechamento de fronteiras na América Latina, marcando um alinhamento do governo argentino a uma retórica conservadora global.

No centro da polêmica, as comunidades de Aguas Blancas e Bermejo, do lado boliviano, seguem como palco de disputas entre governos, em meio às pressões de setores econômicos e sociais impactados pela construção da cerca. Enquanto o governo Milei defende a medida como um “passo necessário”, os efeitos reais sobre a segurança e a convivência bilateral ainda são motivo de incerteza.

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Last Update: 29/01/2025