O governo italiano concedeu a cidadania italiana ao presidente argentino de extrema direita, Javier Milei, que era elegível ao documento por ser descendente de italianos, segundo uma fonte próxima à administração italiana neste sábado 14. Milei está em Roma para se encontrar com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e participar de um evento organizado por seu partido de extrema direita, o Fratelli d’Italia.
Os dois líderes estabeleceram uma relação próxima. No mês passado, Milei presenteou Meloni com uma estatueta de si mesmo empunhando uma motosserra – uma referência ao seu gesto característico durante sua campanha presidencial, quando exibia uma motosserra elétrica em seus comícios.
A irmã de Milei, Karina, também recebeu a cidadania, de acordo com a agência de notícias ANSA, que disse que os pedidos foram processados com urgência por Roma.
“Insulto”
No entanto, a decisão despertou a ira da oposição, que faz campanha para facilitar o acesso à cidadania para crianças nascidas na Itália de pais estrangeiros.
A concessão da cidadania a Milei é um “insulto” e um ato de “discriminação intolerável contra muitos jovens que só a obterão depois de muitos anos”, disse Riccardo Magi, deputado do partido de oposição Europa.
Atualmente, os estrangeiros precisam morar na Itália por dez anos antes de poderem solicitar a naturalização, e as crianças nascidas na Itália de pais estrangeiros não podem solicitar a cidadania até completarem 18 anos.
Os partidos de oposição e as organizações de direitos humanos, como a Oxfam, querem reduzir o período de dez anos para cinco anos, para alinhar a Itália com países como o Reino Unido, a França e a Alemanha, mas a coalizão liderada pela Sra. Meloni se opõe à flexibilização das regras.
“Para milhões de italianos sem nacionalidade, que nasceram na Itália, que cresceram em nosso país, que estudaram aqui, que trabalham aqui, que pagam impostos em nosso país – ao contrário do presidente Milei – obter a nacionalidade italiana é uma corrida de obstáculos”, disse Magi em um vídeo postado nas redes sociais.
“Talvez eles devessem pegar uma motosserra, uma verdadeira ou uma falsa, e pedir que a lei de nacionalidade seja alterada”, sugeriu.
