A repercussão na mídia estrangeira da prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, na segunda-feira (5), foi praticamente imediata. Tão logo confirmada pelo STF e noticiada pela imprensa brasileira, jornais e agências de notícias como o New York Times, Washigton Post, The Guardian, Al Jazeera, AP News, Reuters, BBC, entre outros, publicaram reportagens sobre a prisão de Bolsonaro em seus portais. Jornais impressos também publicaram matérias sobre a prisão na manhã desta terça-feira (5).
A maioria dos veículos e agências informou que Bolsonaro foi detido porque descumpriu as medidas cautelares estabelecidas pelo STF. Também chamaram a atenção para o fato de que a prisão ocorreu um dia após organização de atos da extrema direita em algumas cidades brasileiras no domingo (3). A mídia estrangeira também menciona o risco de uma escalada da crise entre o governo americano e o Brasil como consequência da chantagem de Donald Trump sobre o governo brasileiro por meio do tarifaço.
“No mês passado, Trump anunciou a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, vinculando a medida diretamente ao julgamento de Bolsonaro, seu aliado ideológico”, lembrou a rede Al Jazeera, do Catar.
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O Washington Post lembrou que Bolsonaro é acusado de liderar uma quadrilha que tentou dar um golpe de Estado no Brasil e de planejar assassinar o presidente Lula. O Post destaca que a decisão de Moraes aponta para os “limites do poder de Trump de submeter o juiz brasileiro à sua vontade”. O jornal sublinha que o juiz não tem intenções de ceder às pressões americanas.
O britânico The Guardian vê “a temperatura política subindo nos últimos dias” em função da crise provocada por Trump. “Moraes afirmou que as tarifas impostas por Trump sobre o Brasil, que afetavam setores cruciais como o de aço e alumínio, e as sanções que ele considerou “espúrias”, direcionadas especificamente a ele e a outros ministros do Supremo Tribunal Federal, faziam parte de um estratagema “ilegal e imoral””, repercutiu o jornal britânico.
O francês Le Monde estampou, em matéria produzida em parceria com a AP News, uma foto de um manifestante brasileiro com as mãos algemadas e usando uma máscara de Bolsonaro, em clara alusão aos crimes do extremista. Além de mencionar a interferência dos Estados Unidos na Justiça do Brasil, o artigo menciona os protestos em apoio a Bolsonaro e a escalada das medidas contra ele, incluindo a tornozeleira eletrônica e a proibição da utilização de redes sociais. O jornal ainda ressalta que, mesmo a prisão sendo domiciliar, já “dá um gostinho de prisão”.
Já a agência Reuters destaca a afirmação de Moraes de que Bolsonaro não cumpriu as ordens restritivas e que ele estaria cortejando a interferência de Trump no caso. A reportagem também menciona a reação do Departamento de Estado dos EUA logo após a prisão e a preocupação de alguns aliados de Bolsonaro de que as táticas de Trump possam estar saindo pela culatra.
O El País, da Espanha, enxerga um ganho político para o presidente Lula em 2026, resultante da disputa comercial com os Estados Unidos e do “caos” imposto por Trump. “A guerra comercial trouxe benefícios políticos significativos para Lula, que conseguiu despertar o sentimento nacionalista brasileiro”, aponta o diário.
Para o Financial Times, a decisão de Moraes representa um desafio aberto a Trump. O jornal observa ainda que a prisão de Bolsonaro “provavelmente aumentará as tensões em meio a uma crise nas relações entre as duas democracias mais populosas das Américas”.
Jornais importantes latino-americanos como Página12 e Clarín também repercutiram a prisão de Bolsonaro.
Da Redação
