Funcionários da gigante do software protestaram contra seu papel em impulsionar o massacre de civis em Gaza pelo exército israelense
A Microsoft implementou uma política que bloqueia e-mails de funcionários que contenham as palavras “Palestina”, “Gaza” ou “genocídio” em seus servidores internos do Exchange, informou o Drop Site News.
De acordo com o No Azure for Apartheid, um grupo de funcionários pró-Palestina da Microsoft, um filtro automatizado impede silenciosamente que esses e-mails cheguem aos destinatários.
O filtro entrou em vigor na quarta-feira após a conferência de desenvolvedores Build da Microsoft, que enfrentou repetidas interrupções pelo grupo ativista, acrescentou o Drop Site.
A Microsoft enfrentou divergências internas de funcionários chateados com a colaboração da empresa com o exército israelense na guerra em curso contra os palestinos em Gaza, que acadêmicos consideram amplamente um genocídio.
Funcionários protestaram contra o fornecimento de serviços de nuvem e outras infraestruturas críticas usadas pelo exército israelense pela empresa.
Antes do evento anual Build, voltado para desenvolvedores e entusiastas de tecnologia do mundo todo, a empresa divulgou um relatório alegando que uma investigação interna descobriu que as operações da Microsoft não prejudicaram civis em Gaza.
A Microsoft forneceu tecnologia ao Ministério da Defesa israelense, “oferecendo propostas personalizadas e descontos significativos em serviços de nuvem e IA. Esses acordos, negociados e ampliados ao longo de meses, posicionaram a Microsoft como uma fornecedora de tecnologia fundamental durante as operações militares israelenses em Gaza”, escreveu o Drop Site, com base em uma análise de documentos internos da empresa.
A Microsoft não contestou a autenticidade dos documentos citados pelo Drop Site e reconheceu ter fornecido serviços de Inteligência Artificial (IA) ao Ministério da Defesa de Israel, mas, ainda assim, afirmou ter conduzido uma revisão que não encontrou “nenhuma evidência de que as tecnologias Azure e IA da Microsoft, ou qualquer outro software nosso, tenham sido usadas para prejudicar pessoas”.
Dias após o início da ofensiva israelense em Gaza, em 2023, a Microsoft começou a buscar novos contratos com o exército israelense, prevendo grandes gastos militares. A Microsoft rapidamente se tornou um dos 500 maiores clientes globais do exército israelense.
Em abril de 2024, o The Guardian e a revista +972 relataram que, de acordo com fontes de inteligência israelenses, a campanha de bombardeio militar em Gaza usou um banco de dados alimentado por IA não divulgado anteriormente que, em determinado momento, identificou 37.000 alvos potenciais com base em suas ligações aparentes com o Hamas, de acordo com fontes de inteligência envolvidas na guerra.
Fontes de inteligência afirmam que autoridades militares israelenses permitiram que um grande número de civis palestinos fossem mortos em ataques a alvos identificados por um sistema de IA conhecido como Lavender.
“A máquina fez isso friamente. E isso tornou mais fácil” matar civis, afirmou um oficial de inteligência.
Na segunda-feira, um funcionário da Microsoft que interrompeu o discurso principal do CEO Satya Nadella na conferência Build foi demitido.
Durante um discurso de Jay Parikh, chefe da CoreAI, na terça-feira, um trabalhador gritou: “Jay! Meu povo está sofrendo! Cortem laços com Israel! Nada de Azure para o apartheid! Palestina livre, livre!”, antes de ser retirado pela segurança.
Publicado originalmente pelo The Cradle em 22/05/2025