O Conselho de Supervisão da Meta, conhecido de maneira informal como “Suprema Corte do Facebook”, criticou a empresa por manter no ar por meses um anúncio que usava, sem autorização, a imagem e a voz clonadas do ex-jogador Ronaldo Fenômeno para promover o cassino online Plinko.
Como conta a Folha de S.Paulo, a peça publicitária foi publicada em setembro de 2024 e chegou a acumular mais de 600 mil visualizações, mesmo após receber mais de 50 denúncias de usuários. Só foi retirada após o conselho assumir o caso em 2025. Segundo o colegiado, foram identificados 3.900 anúncios do mesmo cassino — 3.500 com vídeos utilizando identidades falsas de outras celebridades, incluindo Cristiano Ronaldo.
O conselho orientou a Meta a reforçar sua política de moderação contra deepfakes, ampliando a atuação humana e aprimorando o treinamento dos colaboradores. De acordo com os julgadores, o protocolo atual coloca os usuários em risco de golpes financeiros.
Inicialmente, a denúncia foi analisada apenas pelo sistema automatizado da Meta, que não detectou violação. O conteúdo só passou por revisão humana depois de duas tentativas de recurso e com a suspeita de impulsionamento pago. A empresa desativou o anúncio por “práticas comerciais inaceitáveis”, mas manteve o vídeo no ar até que o Conselho determinasse a remoção por violar as políticas de “fraudes, golpes e ´práticas enganosas”.
Para os cinco conselheiros responsáveis, a moderação automática da Meta é falha mesmo diante de violações evidentes. “A postura da empresa é preocupante, especialmente porque publicações com celebridades recebem verificação cruzada antes de serem removidas”, apontaram.
Em resposta, a Meta contestou parte das críticas: “Muitas das alegações do conselho são imprecisas. Responderemos à recomendação completa em até 60 dias, de acordo com o estatuto”. A empresa afirmou que fraudes online “cresceram em escala e complexidade nos últimos anos” e que está testando novas tecnologias, como reconhecimento facial, além de investir em medidas para alertar usuários sobre riscos na plataforma.
