
Integrantes do governo Lula avaliam que a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de decretar prisão domiciliar contra Jair Bolsonaro (PL) reanimou e unificou setores da direita. Ainda assim, o governo mantém apoio firme a Moraes, conforme informações da Folha de S.Paulo.
O diagnóstico interno é que, apesar do desgaste provocado pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos, a medida judicial deu aos aliados do ex-presidente uma “oportunidade de vitimização”.
Com a nova estratégia, bolsonaristas passaram a obstruir votações no Congresso e atraíram o apoio de políticos de centro, como o presidente do PSD, Gilberto Kassab. Para auxiliares de Lula, essa movimentação foi recebida como prova de realinhamento à direita.
A ordem de prisão foi expedida por Moraes na segunda-feira (4), após Bolsonaro participar, por videochamada, de um ato que pedia o impeachment do próprio ministro — o que violou medidas cautelares em vigor.

Mesmo reconhecendo que Moraes agiu diante de um claro descumprimento, interlocutores de Lula admitem que a decisão gerou comoção e pode reanimar o eleitorado bolsonarista.
No Planalto, há quem lamente que a prisão não tenha sido decretada após uma eventual condenação de Bolsonaro no processo da tentativa de golpe, do qual é réu junto com seus aliados.
Um auxiliar disse que isso daria mais força jurídica e política à medida. Outro afirmou que será necessária uma comunicação eficiente para mostrar que Bolsonaro provocou a própria prisão para gerar comoção a seu favor.
Integrantes do governo Lula, no entanto, afirmam que continua irrestrito o apoio ao ministro, além da defesa da soberania do Judiciário.