Junho é o mês da diversidade. A militância do PSTU vai intervir nas Paradas LGBTIs que acontecerão por todo o país. O calendário inicia este mês e segue até o segundo semestre.
Vamos participar das paradas com o objetivo de resgatar o espírito de Stonewall, o caráter de luta que há anos vem sendo abandonado pelas direções do movimento. A partir da Parada de São Paulo, a maior do mundo, vamos construir um campo de oposição de esquerda ao governo Lula e aos governos municipais, estaduais e seus legislativos, sem se confundir com a direita, articulando a luta por direitos à luta pelo poder da classe trabalhadora, vinculada à estratégia do socialismo.
Ofensiva contra os oprimidos
O agravamento da crise da ordem mundial e a intensificação da disputa interimperialista têm levado a burguesia a aprofundar os ataques contra os setores oprimidos da classe trabalhadora no mundo.
A política de conciliação, inclusão institucional e representatividade promovida nos marcos do neoliberalismo, pelos setores ditos “progressistas”, dá lugar à ascensão de alternativas de ultradireita.
A vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, a ofensiva de Viktor Orbán na Hungria, a eleição de Javier Milei na Argentina e o avanço do Chega em Portugal são expressões distintas de um mesmo fenômeno: a tentativa de recompor a dominação capitalista com base na naturalização da barbárie social, na misoginia, no racismo, na LGBTIfobia e na xenofobia.
Crise econômica, violência e resistência
As LGBTIs da classe trabalhadora sofrem com os efeitos da crise econômica, do desemprego, do aumento da fome e da falta de moradia digna. Desde a pandemia, é perceptível que a marginalização e a violência cresceram absurdamente.
Os dados do Atlas da Violência de 2025 não deixam dúvidas sobre a dimensão dessa barbárie social. Somente no Brasil, houve um aumento geral de 1.227% nos registros de violência, passando de 1.157 casos em 2014 para 15.360 em 2023. Sendo que, em relação às travestis, o aumento foi de 2.340%.
Mas os governos não passam ilesos; há resistência. O primeiro grande protesto contra Trump foi protagonizado por mulheres; em Budapeste, milhares desafiaram a repressão de Orbán à realização das Paradas LGBTI+; em Buenos Aires, uma enorme manifestação LGBTI tomou as ruas contra as declarações machistas e reacionárias de Milei.
Essas mobilizações revelam que os setores oprimidos são parte da vanguarda das lutas sociais e que sua pauta se entrelaça com a da maioria trabalhadora.
Ofensiva no Brasil
No Brasil, os ataques se materializam em projetos de lei retrógrados nas Câmaras Municipais, na impunidade da violência cotidiana e em resoluções como a do Conselho Federal de Medicina (CFM), que veda a prescrição de bloqueadores hormonais para crianças trans, a administração de hormônios sexuais para menores de 18 anos e aumenta para 21 anos a idade mínima para cirurgia de redesignação.
Manutenção dos ataques
A omissão de Lula diante da violência LGBTIfóbica
O governo Lula, embora eleito com apoio massivo dos setores oprimidos contra Bolsonaro, tem mantido uma linha de colaboração de classes e não se enfrenta com a extrema direita.
Lula não apenas se omite diante da violência LGBTIfóbica e dos retrocessos legislativos, como também adota medidas contrárias aos direitos das LGBTI+, como a manutenção do nome morto no novo modelo de RG, o “RG Transfóbico”.
As secretarias criadas para representar os setores oprimidos não têm nenhuma força política ou ações positivas na sociedade, o que ajuda o Brasil a seguir na liderança do ranking de país que mais assassina trans no mundo.
Negociação com a direita
A política tem sido de negociação das pautas dos setores oprimidos com a direita e a reacionária, como ocorreu nos governos anteriores do PT, mas agora combinada com a ausência de qualquer medida paliativa. Há um apagamento total das demandas do movimento e a manutenção dos ataques.
Contudo, as direções do movimento seguem apoiando o governo, alegando impedir os retrocessos da ultradireita. Mas a omissão do governo Lula e sua política de transformar as pautas dos setores oprimidos em moeda de troca fortalecem a ultradireita.
Independência de classe e unificação da luta
Nossa tarefa é ir à luta, com independência de classe, frente à crise e aos ataques, com um programa que apresente as reivindicações que liguem a pauta LGBTI+ à luta da classe trabalhadora e ao combate à política econômica e ao Arcabouço Fiscal do governo Lula.
— As LGBTIs querem viver e sobreviver: pelo fim da escala 6×1, da violência policial e do genocídio palestino!
— Lula, chega de fazer a egípcia: para enfrentar a direita, revogue o RG transfóbico, anule a Resolução 2.427/2025 do CFM e aprove cotas trans, já!
— Por um novo Stonewall e ir além: LGBTI+ unificadas com a classe trabalhadora e independência de classe diante de todos os governos e patrões!
— Explodir o armário e o capitalismo: por um mundo socialista livre de todas as formas de exploração e opressão!