Na última terça (6), o conservador Friedrich Merz foi eleito como novo chanceler da Alemanha. Apesar de ser alçado ao posto, o governo começa sob a égide da desconfiança e da dependência da centro-esquerda. Em uma primeira votação parlamentar, Merz teve sua indicação rejeitada. Foi necessário novo pleito para que ele alcançasse o número mínimo de votos.
Desde que o partido de Merz (o CDU unido com o CSU, ambos conservadores cristãos) venceu as eleições já se sabia da necessidade de uma coalização que oferecesse maioria para indicá-lo ao cargo. O Parlamento alemão, o Bundestag, conta com 630 vagas, assim uma maioria é formada com 316.
Portanto, para alcançar este número, os conservadores, com 208 assentos, se uniram ao Partido Social Democrata (SPD), do atual chanceler Olaf Scholz, que possui 120. Além da medida para garantir os votos necessários, esta ação foi fundamental para isolar a extrema direita alemã representada pelo AfD que teve crescimento significativo e ficou em segundo lugar nas eleições com 152 vagas.
Leia mais: Lula parabeniza Merz e reforça parceria Brasil-Alemanha
Apesar de numericamente a indicação do líder conservador estar garantida, na primeira votação ele teve somente 310 votos, 6 a menos do que o necessário. A situação trouxe grande desconfiança e escancarou a dependência da aliança com os sociais-democratas de centro-esquerda. Foi a primeira vez desde 1949 que um candidato a chanceler perdeu uma votação no Bundestag.

Como o voto é secreto, não se soube quem votou contrário. Mas nas contas, considerando que dificilmente algum conservador se oporia, faltaram 18 votos do SPD. Apesar da confusão que se deu a situação não perdurou.
Após algumas horas e reuniões partidárias os parlamentares realizaram novo pleito e Merz, finalmente, alcançou (e superou) a quantidade necessária com 325 votos.
Analistas políticos atribuíram a primeira derrota como um recado ao novo chanceler. Membros do SPD não estavam satisfeitos com a coalizão, no entanto os líderes da legenda reafirmaram o compromisso firmado e conseguiram contornar a situação com os colegas.