A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou nesta sexta-feira (6) a conclusão do aguardado acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul após 25 anos de negociações, a maior parceria comercial e de investimentos do mundo. O tratado estabelece um mercado comum que conectará mais de 700 milhões de pessoas e movimentará um PIB combinado de US$ 22,3 trilhões.
“Quero parabenizar os negociadores pela determinação. Trabalharam de forma incansável durante anos em prol de um acordo ambicioso e equilibrado, e tiveram sucesso. O laço entre a Europa e os países do Mercosul é realmente um dos mais fortes do mundo. É um laço que se ancora na confiança, atravessado por uma herança compartilhada com séculos de aprendizagem mútua”, declarou Ursula.
A presidente destacou ainda que o acordo não é apenas uma conquista econômica, mas também uma afirmação política global. “Hoje estamos tornando a missão uma realidade. Estamos estabelecendo essa aliança como nunca antes. Estamos enviando uma mensagem clara e poderosa para o mundo. […] O acordo não é apenas necessidade econômica. É necessidade política”, reforçou Ursula.
Expectativa do governo Lula
O governo Lula vê o acordo como um marco para a diplomacia brasileira e uma oportunidade de ampliar o comércio e os investimentos com a Europa. Embora considerado um “gol de placa,” o tratado enfrenta resistência de países como a França.
O presidente petista já afirmou que o acordo não depende dos franceses, contando com o apoio de Ursula para concluir as negociações ainda em 2024. Contudo, o processo requer aprovação de todos os países do bloco europeu, o que dá ao presidente francês, Emmanuel Macron, poder de veto.
“Após mais de duas décadas, concluímos as negociações do acordo entre o Mercosul e a União Europeia”, destacou Lula no X, antigo Twitter, após o anúncio do acordo.
Após mais de duas décadas, concluímos as negociações do acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
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— Lula (@LulaOficial) December 6, 2024
Nos últimos dias, representantes do Mercosul e da União Europeia realizaram reuniões técnicas em Brasília. Segundo informações, houve avanços em pontos sensíveis, como exigências ambientais da UE e a questão de compras governamentais, que preocupa o governo brasileiro.
Os europeus querem garantias de que não adquirirão produtos que incentivem o desmatamento. Por outro lado, o Brasil analisa o impacto da cláusula que permite isonomia de tratamento entre empresas do Mercosul e da UE em licitações públicas, tema que Lula anunciou que revisaria ao assumir a Presidência em janeiro de 2023.