*Tradução de Charles Nisz
A Bloomberg, um dos principais meios de notícias econômicas, analisou o comportamento do mercado contra Lula nesta semana.
“O mercado precisa de um calmante”, diz o título do artigo do colunista Juan Pablo Spinetto.
Por trás disso está a crescente suspeita entre os investidores de que será necessário um esforço para que a maior economia da América Latina equilibre as suas contas.
“Lula joga duro com os mercados, mas há uma reação exagerada sobre o risco fiscal do Brasil no curto prazo”, escreve Spinetto.
Apesar dos esforços do Ministro da Fazenda, é pouco provável que o Brasil atinja o déficit zero. Analistas esperam um déficit total de 7,2% em 2024 e de 6,4% em 2025.
Conforme Spinetto, “a preocupação é a trajetória insustentável da dívida nacional num país onde uma miríade de direitos constitucionais e compromissos políticos consomem a maior parte das despesas do governo”.
O assunto tem sido discutido em jornais e na TV nas últimas semanas. Para Cláudio Andrade, gestor de US$ 600 milhões no fundo Polo Capital, isso é um bom sinal.
“Ele está entre uma minoria de investidores que não se alarma por causa dessa volatilidade. O conflito entre pouco espaço fiscal e um presidente com ambições de realizar políticas públicas também ocorre na França, na Colômbia e no México”, enumera Spinetto.
“Seria ótimo se Lula dissesse que perseguirá o déficit zero a qualquer custo. Mas isso é uma ilusão, pois Lula sempre foi visto como um homem do povo, favorecendo gastos públicos maiores”.
A disputa deve ser entre Lula e um direitista com ideias de encolher o estado. Lula já escolheu seu canto no ringue e seu rival deve ser o bolsonarista Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo.
“De acordo com as pesquisas, Lula permanece popular. Mas para conquistar um inacreditável quarto mandato, Lula precisará colocar o gênio do déficit de volta na garrafa. Podemos esperar discursos conflitantes: Lula irá dizer que os mercados e os ricos devem pagar essa conta, enquanto Haddad tentará cortar gastos sem afetar muito os pobres”, resume Spinetto.
“Não espere qualquer ajuste fiscal drástico. Vamos continuar na mesma toada: o Brasil crescerá aceitáveis 2%-3% ao ano, melhor do que algumas estimativas, mas ainda pouco para um mercado com tanto potencial”.