
O mercado de trabalho brasileiro apresentou melhora significativa no trimestre encerrado em maio de 2024, com a taxa de desemprego caindo para 6,2%, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgados nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado representa a segunda menor taxa da série histórica iniciada em 2012, ficando atrás apenas dos 6,1% registrados no trimestre encerrado em novembro passado.
“O mercado de trabalho está na melhor situação dos últimos dez anos. [O número] 6,8 milhões [de desempregados] é o que tínhamos no fim de 2014, início de 2015”, afirmou William Kratochwill, analista da pesquisa do IBGE. Segundo ele, o desempenho atual mostra resiliência do mercado, que segue aquecido apesar do cenário econômico desafiador.
Os números revelam avanços consistentes em vários fronts:
– Queda do desemprego: redução de 0,6 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (6,8%) e 1 ponto percentual na comparação anual (7,1% em maio/2023);
– População ocupada: alcançou 103,9 milhões de pessoas, aumento de 1,2% no trimestre e 2,5% no ano;
– Trabalho formal: recorde de 39,8 milhões de trabalhadores com carteira assinada no setor privado;
– Renda média: atingiu R$ 3.457, valor mais alto já registrado.
Kratochwill destacou que o comportamento observado segue o padrão histórico para o período, com exceção dos anos de crise (2015-2016) e pandemia (2020). “Temos uma taxa muito próxima dos 6,1% [menor patamar]. O mercado de trabalho está aquecido e continua resiliente”, afirmou.

Redução da informalidade
A taxa de informalidade caiu para 37,8% (39,3 milhões de trabalhadores), contra 38,1% no trimestre anterior. O movimento foi impulsionado pelo aumento de 3,7% nos trabalhadores por conta própria com CNPJ e pela estabilidade no número de empregados sem carteira (13,7 milhões).
Outro destaque positivo foi a redução do desalento (pessoas que desistiram de procurar emprego), que atingiu o menor patamar desde 2016, com 2,89 milhões nessa condição – queda de 10,6% no trimestre. “O aumento da ocupação gera mais oportunidades, percebidas pelas pessoas que estavam desmotivadas”, explicou o analista.
Apesar dos números positivos, Kratochwill evitou associar diretamente o desempenho à política monetária: “Não é possível dizer se a política monetária está contribuindo ou segurando o mercado de trabalho”.
Com visitas a 211 mil domicílios em todo o país, a Pnad Contínua é a pesquisa mais abrangente sobre o mercado de trabalho brasileiro. Os dados reforçam a tendência de recuperação econômica, mas especialistas alertam para a necessidade de manter políticas que sustentem a geração de empregos de qualidade nos próximos trimestres.