Mais uma nuvem carregada de desinformação e manipulação se move contra a transparência: a Meta, empresa controladora do Instagram, Facebook e Threads etc. – anunciou, via um de seus fundadores e atual presidente, Mark Zuckerberg, o abandono dos sistemas de verificação das fake news. Em declarações à imprensa, Trump festejou e comentou que suas ameaças contra Zuckerberg “provavelmente” influenciaram nessas mudanças da Meta.
Perigo grande
“Vamos nos livrar dos verificadores de fatos e substituí-los por Notas da Comunidade, semelhantes ao X, começando nos EUA”, afirmou Zuckerberg. Trocando em miúdos, o dono da Meta avisou que vai deixar de investir na segurança das informações veiculadas por suas empresas e passará a ganhar ainda mais dinheiro com os grupos organizados que se dedicam à desinformação. Com a popularização da IA, as fábricas de fake news têm condições infinitamente mais favoráveis para multiplicar suas produções criminosas. Os grupos de verificação de veracidade do noticiário digital têm tido trabalho redobrado para distinguir entre uma verdade e uma falsificação, e por isso são cada dia mais essenciais. Este é o momento para ampliar os investimentos no trabalho essencial, árduo e profissional das equipes de checagem – mas o crime organizado, reagindo a essas ferramentas da cidadania, está avançando com força e auferindo lucros fáceis e fartos com a manipulação midiática. Para os defensores dessa bandidagem, identificar e combater a mentira passou a ser “censura”.
Treta no Truth
Através da rede Truth Social, em julho de 2024, Trump soltou os cachorros contra Mark Zuckerberg, ameaçando-o com prisão, caso fosse eleito para a Casa Branca. A treta entre os dois milionários encrespou em 2021, quando, depois da tentativa fracassada de invasão do Capitólio, Donald Trump foi banido do Instagram e do Facebook por excesso de postagens fraudulentas. A tática trumpista nas aleivosias nas redes é simples: mente, frauda e acusa quem ouse desnudar suas mentiras de “mentirosos” e “fraudadores”. Na postagem que abalou o dono da Meta, informa o site forbes.com.br, Trump foi direto: “Tudo o que posso dizer é que, se for eleito presidente, perseguiremos os defraudadores eleitorais a níveis nunca vistos e serão enviados para a prisão por longos períodos de tempo. Nós já sabemos quem são. Não façam isso. ‘Zuckerbucks’, tenha cuidado”. A 13 dias da posse do ameaçador falastrão, Mark recuou, humilhou-se e se submeteu.
Recuo criminoso
Sobre essa vergonha internacional, registrou O Globo: “Meta passa a permitir que orientação sexual e gênero sejam associados a doença mental no Facebook, Instagram e Threads”, complementando: “Alteração nas políticas de discurso de ódio foi publicada nesta terça-feira (7), mesmo dia em que empresa anunciou fim do sistema de checagem de fatos”. Por sua vez, o Estadão detonou: “O dono do Facebook alinhou seu discurso ao trumpismo e à extrema direita internacional ao associar fact-checking a censura” e defendeu seu próprio sistema de checagem, o Estadão Verifica (serviço muito bom, por sinal). Tempos difíceis se anunciam para a Verdade, Democracia, Justiça, Ética (com maiúsculas) no mundo. Praticantes da calúnia, difamação, injúria, desinformação, falsificação, já enxergam e comemoram uma avenida de fake news à frente. Mas a parada não está decidida: resta a disposição de resistir e de lutar, mesmo no campo do adversário. E, em algum lugar do mundo, restarão tribunais dispostos a não coonestar com esse formato de crime organizado. É luta que segue.