Mensagens revelam suposto pagamento a Karina Milei no caso da $LIBRA

A crise política envolvendo o presidente da Argentina, Javier Milei, ganhou novos desdobramentos nesta semana, com a divulgação de mensagens que sugerem que sua irmã e secretária-geral da Presidência, Karina Milei, teria recebido pagamentos para garantir a promoção da criptomoeda $LIBRA.

O caso, que já levou a um pedido formal de impeachment contra o presidente, também está sendo investigado por autoridades nos Estados Unidos.

As mensagens foram obtidas pelo jornal argentino La Nación e pelo site especializado CoinDesk e mostram conversas do empresário norte-americano Hayden Davis, um dos criadores da criptomoeda.

Em um dos trechos divulgados, Davis afirma a um investidor que tem “controle total” sobre Milei e que o presidente “assina o que eu digo e faz o que eu quero” porque ele “manda $$ para a irmã dele”. O empresário nega a autenticidade das mensagens e diz que “não se lembra” de ter enviado qualquer conteúdo semelhante.

O governo argentino negou qualquer envolvimento de Karina Milei no caso. O porta-voz presidencial, Manuel Adorni, classificou as acusações como “especulações insultantes” e afirmou que “não houve nenhuma atitude que fosse contra a ética pública”.

Apesar da defesa oficial, documentos revelam que Karina foi a principal interlocutora entre os criadores da criptomoeda e o governo. Registros de entrada na Casa Rosada indicam que Davis esteve no palácio presidencial pelo menos três vezes nos últimos meses, em reuniões autorizadas por Karina Milei.

Outro personagem do caso, o empresário argentino Mauricio Novelli, também teria atuado como intermediário. Segundo registros, ele visitou a Casa Rosada pelo menos nove vezes e foi recebido por Karina Milei.

O empresário também esteve três vezes na Quinta de Olivos, residência oficial do presidente. O governo não comentou sobre as visitas.

A revelação das mensagens e das conexões entre os envolvidos ampliou a pressão sobre Milei. A oposição peronista protocolou um pedido de impeachment na Câmara dos Deputados, argumentando que o presidente abusou de seu cargo para promover um golpe financeiro.

Além disso, parlamentares tentam instalar uma comissão de inquérito para investigar os fatos. O impacto também se reflete na opinião pública: segundas pesquisas recentes, a rejeição a Milei cresceu dez pontos percentuais desde a eclosão do escândalo.

Em meio à crise, Milei tenta minimizar o caso. Durante uma entrevista, afirmou que “se você vai ao cassino e perde dinheiro, qual a reclamação?”, sugerindo que os investidores da $LIBRA assumiram os riscos do mercado de criptomoedas.

A declaração gerou críticas de líderes da oposição e de analistas financeiros, que apontam que o endosso público de Milei foi um fator determinante para atrair investidores ao ativo digital.

Nos Estados Unidos, o FBI e o Departamento de Justiça também receberam denúncias formais contra Milei e os responsáveis pelo esquema. A investigação pode levar a sanções e processos judiciais contra os envolvidos, o que ampliaria ainda mais a crise do governo argentino.

O escândalo também impactou os mercados: após a queda brusca da $LIBRA, outras criptomoedas associadas a personalidades políticas, como $MELANIA e $TRUMP, também foram afetadas.

Diante da repercussão negativa, aliados de Milei começam a se distanciar. O ex-presidente Mauricio Macri, em entrevista recente, criticou a gestão da crise e afirmou que Milei foi “mal assessorado”.

As palavras de Macri foram interpretadas como uma referência direta a Karina Milei, cuja influência sobre o governo é cada vez mais questionada.

O futuro do governo Milei é incerto. O escândalo da $LIBRA tornou-se o maior desafio político do presidente até agora, com desdobramentos que podem afetar sua popularidade e governabilidade nos próximos meses.

Artigo Anterior

Trump enxerga negociações sobre Ucrânia como oportunidade para recuperar recursos dos EUA, diz especialista

Próximo Artigo

Imprensa francesa analisa primeiro mês do novo mandato de Donald Trump

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!