A explosão na plataforma PCH-1, ocorrida nesta segunda-feira (21), às 7h25, no feriado de Tiradentes, escancara a brutal contradição desse tempo capitalista: quem gera a riqueza é sempre o primeiro a ser sacrificado. Enquanto o Sindipetro-NF acompanha as 32 internações – 14 por queimaduras graves, outras por inalação tóxica -, o dito mercado já calcula quanto esse acidente vai impactar nos dividendos trimestrais.
Vivemos uma crise profunda no mundo do trabalho. Na Bacia de Campos, nos galpões de entrega, nas linhas de produção, nas ruas caóticas das grandes cidades, os trabalhadores seguem sendo a carne mais barata do mercado. Operários arriscam a vida em grandes plantas industriais, na construção pesada de infraestrutura, nas jornadas desumanas, no trânsito violento e estressante – tudo para que, no final do mês, alguns poucos bilionários possam contar seus lucros recordes.
A Petrobrás, que deveria ser nossa jóia nacional, hoje funciona como uma máquina de transferir dinheiro fácil. Enquanto os trabalhadores enfrentam condições cada vez mais perigosas, a empresa distribui 72% de seus lucros a acionistas – muitos deles estrangeiros que nunca pisaram numa plataforma de petróleo. Não é um caso isolado: é a lógica perversa de um sistema que transformou o trabalho em mero custo operacional.
O resultado está aí, escancarado: salários passaram anos sem acompanhar o custo de vida enquanto a direita esteve no poder. Os direitos que viram “gastos” a serem cortados, e os donos da grana pedem o congelamento do salário mínimo.
A conta desse jogo viciado sempre chega – e quem paga é sempre o trabalhador que bota a cara no mingau todos os dias, que sustenta esse país com as costas, que gera a riqueza que depois lhe é tomada. Enquanto não virarmos essa equação – menos dividendos, mais valorização do trabalho – continuaremos contando corpos e acidentes, enquanto eles contam seus lucros.