Deysi Vargas cuida da administração de alimentos por sonda para sua filha. Foto: Getty Images

Uma pequena menina mexicana, de 4 anos, carrega consigo uma mochila que mantém sua vida. Diagnosticada com síndrome do intestino curto, ela depende de um sistema de nutrição parenteral 24 horas por dia, tratamento que só conseguiu após sua família receber um visto humanitário para viver nos Estados Unidos em julho de 2023. Agora, com a revogação do visto pelo governo Trump, sua vida está novamente em risco.

Nascida prematura em Playa del Carmen, no México, a menina passou seus primeiros anos entre hospitais. “Minha filha não crescia, nem melhorava”, contou sua mãe, Deysi Vargas, em entrevista coletiva em Los Angeles. Quando descobriram que nos EUA crianças como ela levavam uma vida próxima do normal, a família decidiu tentar o visto humanitário (“parole”), programa criado pelo governo Biden para casos excepcionais.

O tratamento no Hospital Infantil de Los Angeles permitiu que a menina deixasse a internação contínua. Hoje, ela passa 14 horas por noite conectada a nutrição intravenosa e mais quatro horas diárias com alimentação por sonda. A mochila que carrega contém os líquidos vitais que a mantêm viva.

A menina mexicana vive com a síndrome do intestino curto. Foto: Getty Images

Ameaça de deportação

Em abril de 2025, a família recebeu a notificação: o visto humanitário foi revogado, assim como a permissão de trabalho dos pais. “Eles nos dizem que corremos o risco de sermos deportados”, relatou Vargas. Uma carta do Departamento de Segurança Nacional (DHS) obtida pela BBC alertava: “Caso você não deixe os EUA imediatamente, ficará sujeito a deportação”.

O médico de Sofia, John Arsenault, foi categórico em documento ao Los Angeles Times: interromper o tratamento “seria fatal em questão de dias”. A infraestrutura médica necessária não existe no México.

O caso mobilizou 38 congressistas democratas, que enviaram carta ao governo pedindo a reconsideração do status da família. “É nosso dever proteger os enfermos”, diz o documento. O México também se manifestou, afirmando que a família “não desrespeitou as condições de permanência”.

Enquanto isso, uma nova solicitação de visto humanitário está em análise pelo USCIS. O DHS nega que a deportação seja iminente, mas a advogada da família, Gina Amato, alerta: “Deportá-los não é apenas ilegal, mas um fracasso moral”.

Para Deysi Vargas, a luta é pela sobrevivência da filha: “Se retirarem o tratamento, ela morre”.

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Last Update: 04/06/2025