Pablo e Escobar, que é acusado de ajudar PCC em tráfico de drogas. Foto: reprodução

Políticos próximos ao presidente nacional do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) e articuladores informais da legenda de Paulo Marçal, candidato à prefeitura de São Paulo, estão sendo investigados por suspeita de trocar carros de luxo por cocaína para o Primeiro Comando da Capital (PCC), financiando o tráfico de drogas e dividindo os lucros.

A investigação da Polícia Civil aponta o envolvimento de Tarcísio Escobar de Almeida, ex-presidente estadual do PRTB, e de Júlio César Pereira, conhecido como Gordão, sócio de Escobar, ambos com ligações estreitas com Leonardo Alves Araújo, o Leonardo Avalanche, presidente nacional do PRTB.

No dia 18 de março, Avalanche nomeou Escobar para a presidência estadual do partido em São Paulo, cargo que ele ocupou por apenas três dias, sendo afastado oficialmente por “não ter título de eleitor”. No entanto, ele continuou se apresentando como presidente estadual em reuniões políticas até a revelação do caso pelo Estadão em maio.

Escobar chegou a participar de eventos com a presença de Marçal, que se filiou ao PRTB em abril e teve sua pré-candidatura à Prefeitura de São Paulo confirmada em maio.

Pablo Marçal e Leonardo Avalanche. Foto: reprodução

Apesar de atuarem apenas nos bastidores, Escobar e Gordão não foram vistos em agendas públicas de Marçal durante a campanha, como debates e caminhadas pela cidade. Leonardo Avalanche, por sua vez, afirmou ter rompido com Escobar após as primeiras reportagens que indicavam as práticas criminosas.

Nas redes sociais, Marçal comentou que “não pede certidão negativa de ninguém” e que já tirou “20 mil fotos nessa campanha”. Em entrevista, ele declarou que Avalanche é quem deve explicações.

As investigações tiveram início em agosto de 2020, quando a polícia apreendeu com Francisco Chagas de Sousa, o Coringa, uma arma, drogas, um celular e um pendrive contendo material relacionado ao controle de integrantes do PCC.

Coringa, dono de uma adega na zona leste de São Paulo, foi identificado como um operador do tráfico interestadual, utilizando automóveis como pagamento e transporte de drogas. Em escutas telefônicas, a polícia descobriu que ele mantinha ligações com Gordão, além de negociações envolvendo Escobar.

Em julho de 2020, Gordão pediu a Coringa ajuda para vender uma BMW X5, afirmando que Escobar explicaria o negócio. Segundo os investigadores, os lucros do tráfico seriam divididos entre o trio. As conversas interceptadas indicam que os veículos eram trocados por drogas, com pleno conhecimento dos envolvidos de que os valores entregues a Coringa, “seja em espécie ou por meio de automóveis”, seriam usados para a aquisição de drogas, gerando lucros exorbitantes.

Mesmo após ser afastado oficialmente da presidência estadual do PRTB, Escobar continuou a participar de eventos políticos, incluindo uma reunião na Assembleia Legislativa de São Paulo ao lado de Avalanche.

Documentos indicam que, uma semana após deixar o cargo, Escobar se encontrou com o vice-prefeito de Santo André, Luiz Zacarias, como representante do PRTB, e candidato à prefeitura na cidade do Grande ABC. Em abril, ele participou de um evento em apoio ao pré-candidato Marcelo Lima em São Bernardo do Campo, sendo fotografado com o vereador Ivan Silva.

A assessoria de Marcelo Lima afirmou que a aliança com o PRTB foi feita diretamente com a Executiva Nacional, sem influência do Diretório Estadual, e que não há associação com Escobar. Há registros de uma viagem de Escobar com Marçal e outros membros do PRTB a Marília, interior paulista, em maio, para reuniões políticas.

Gordão, por sua vez, teve atuação mais discreta no partido, participando apenas de uma reunião política em Pindamonhangaba em abril.

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Last Update: 21/08/2024