Atualmente, mais de 1,2 milhão de Microempreendedores Individuais (MEIs) em débito com a União terão a chance de regularizar sua situação com descontos que podem chegar a 70%.

Para isso, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) publicou o edital nº 11/2025 no início de junho, convocando os inadimplentes para aderirem ao programa de renegociação de dívidas.

A medida vale para débitos tributários e não tributários inscritos na dívida ativa até 4 de março de 2025.

Além disso, a adesão pode ser feita até 30 de setembro, diretamente pelo portal Regularize (https://www.regularize.pgfn.gov.br/home).

Diante desse cenário, especialistas recomendam que os microempreendedores avaliem a proposta com atenção.

De acordo com Kályta Caetano, head de Contabilidade da MaisMei — aplicativo que auxilia MEIs na gestão do negócio —, a iniciativa representa uma alternativa concreta para evitar complicações futuras.

Segundo dados da plataforma, a dívida média entre os MEIs é de R$ 2.574.

No entanto, há casos com valores muito mais altos, principalmente devido ao acúmulo de multas e juros.

Por isso, muitos empreendedores, ao verem que o valor se tornou impagável, optam por não negociar.

Nesse contexto, o desconto oferecido pode ser decisivo.

“Conseguir reduzir multa e juros em até 70% é uma oportunidade que não aparece sempre. Ignorar isso é um risco alto”, afirma Kályta.

Além do custo financeiro, o MEI inadimplente enfrenta uma série de restrições.

Entre elas estão o bloqueio do CNPJ, protesto em cartório e perda do acesso a programas como o Pronampe.

Consequentemente, o empreendedor também fica impedido de emitir certidão negativa, vender em marketplaces e manter o negócio regularizado.

Outro ponto importante, segundo Kályta, é o mito da prescrição automática da dívida após cinco anos.

Ela explica que, mesmo com o prazo, a dívida continua ativa e segue gerando encargos.

Ou seja, a prescrição judicial apenas impede a cobrança por vias legais.

Contudo, o débito permanece registrado, afetando o CPF e o CNPJ do empreendedor.

Esse entendimento está previsto nos artigos 173 e 174 do Código Tributário Nacional.

Por esse motivo, a recomendação é negociar diretamente com a PGFN, a fim de recuperar a credibilidade financeira e evitar novas penalidades.

Modalidades de negociação

O edital da PGFN apresenta três opções para regularização.

A primeira delas é a Transação de Pequeno Valor, voltada a débitos entre 25 e 60 salários-mínimos.

Nesse modelo, o MEI pode obter até 50% de desconto sobre o valor total da inscrição com código de receita 1537.

O saldo restante pode ser parcelado em até 60 vezes.

Contudo, é importante ficar atento: deixar de pagar tributos futuros pode anular o acordo.

A segunda opção é a Transação Condicionada à Capacidade de Pagamento.

Esse modelo ajusta prazos e descontos conforme a situação financeira do devedor.

Para MEIs e pessoas físicas, a redução pode chegar a 70%.

Além disso, o valor pode ser dividido em parcelas compatíveis com a renda declarada.

A terceira alternativa é voltada a empresas com baixa perspectiva de recuperação.

Nessa modalidade, o devedor paga 6% da dívida total em até seis parcelas.

Posteriormente, o restante pode ser quitado em até 133 prestações mensais.

É uma opção aplicável quando a PGFN avalia que a capacidade de recuperação do crédito é reduzida.

Como consultar débitos e aderir ao programa

Quando o MEI tem seu nome inscrito na dívida ativa, uma notificação é enviada ao endereço cadastrado na Receita Federal.

Essa comunicação pode ser feita por carta ou via Domicílio Tributário Eletrônico (DTE).

Para consultar a existência de débitos ou verificar as condições de quitação, o empreendedor pode acessar o portal Regularize.

Outra alternativa é o aplicativo Dívida Aberta, ambos mantidos pelo Governo Federal.

Além dessas ferramentas, o microempreendedor pode utilizar o Diagnóstico MEI, solução gratuita oferecida pela MaisMei.

Com ela, é possível visualizar todas as pendências relacionadas ao CNPJ.

Por fim, a ferramenta ainda disponibiliza suporte de profissionais especializados, como contadores e advogados.

Eles orientam os MEIs durante o processo de regularização e esclarecem dúvidas sobre o edital da PGFN.

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Last Update: 27/06/2025