O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia e ex-presidente do país, Dmitry Medvedev, afirmou nesta quinta-feira, 20, que um ataque a instalações nucleares iranianas pode resultar em uma catástrofe comparável ao desastre de Chernobyl, ocorrido em 1986. A declaração foi publicada em suas redes sociais e repercutida pela emissora estatal russa RT.

“Todos, inclusive o ministro da Defesa de Israel, com suas declarações ruidosas sobre o destino de Khamenei, devem compreender que ataques a instalações nucleares são extremamente perigosos e podem levar à repetição da tragédia de Chernobyl”, afirmou Medvedev.

A manifestação ocorre em um contexto de aumento das tensões entre Israel e Irã. Segundo reportagens da imprensa norte-americana, os Estados Unidos estariam avaliando um ataque ao complexo nuclear iraniano de Fordow, uma instalação subterrânea construída para resistir a bombardeios aéreos. A ação militar poderia envolver o uso da bomba penetradora GBU-57, conhecida como “bunker buster”.

Fontes ouvidas pelo jornal britânico The Guardian indicam, no entanto, que nem mesmo esse armamento convencional seria suficiente para destruir Fordow. Algumas dessas fontes mencionaram a possibilidade do uso de uma arma nuclear tática para atingir o objetivo. Ainda segundo o Guardian, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não estaria considerando essa alternativa.

A Casa Branca negou oficialmente qualquer intenção de uso de armamento nuclear. De acordo com a emissora Fox News, um funcionário do governo norte-americano afirmou sob condição de anonimato que “as bunker busters podem cumprir o objetivo” e que “nenhuma opção foi retirada da mesa”. A secretária de imprensa, Karoline Leavitt, declarou que uma decisão final sobre uma possível ação será tomada nas próximas duas semanas.

Na última sexta-feira, Israel realizou bombardeios contra instalações nucleares no Irã e executou cientistas e oficiais militares de alto escalão iraniano. O governo de Tel Aviv justificou a operação como uma medida preventiva para impedir o avanço do programa nuclear iraniano.

O Irã nega que tenha objetivos militares em seu programa nuclear, posição respaldada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que afirma não haver indícios de que o país esteja desenvolvendo armas nucleares.

Em resposta aos ataques, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou na noite de quarta-feira (19), durante entrevista coletiva, que “apesar dos bombardeios, a infraestrutura subterrânea iraniana continua operacional”. O Kremlin tem se posicionado a favor do diálogo e já ofereceu mediação entre as partes envolvidas.

Na sexta-feira, o porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, comentou os rumores sobre um possível uso de armas nucleares táticas por parte dos Estados Unidos. Ele classificou essas especulações como “especulativas” e alertou que “uma ação desse tipo seria catastrófica”.

A situação se intensificou ainda mais após declarações do ministro da Defesa de Israel, Israel Katz. Ele comparou o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, a Adolf Hitler, afirmando que o líder iraniano “não pode mais ser permitido existir”.

Organismos internacionais acompanham com preocupação o cenário, que reúne elementos de instabilidade regional e presença de potências com capacidade nuclear. A escalada militar e a retórica agressiva aumentam o risco de um confronto com repercussões em escala global.

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Last Update: 20/06/2025