O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta terça-feira 11 que a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio é “contraproducente” e prejudica a dinâmica do comércio internacional.
As declarações foram proferidas após uma reunião com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), em Brasília.
“Medidas unilaterais desse tipo são contraproducentes”, avaliou Haddad. Ele afastou a possibilidade de a decisão ser uma espécie de represália ao Brasil e disse que o governo brasileiro acompanhará com atenção os desdobramentos, a fim de minimizar os efeitos da taxação.
O ministro afirmou não saber se há disposição da gestão Trump para dialogar sobre o tema e lembrou que em 2018, em seu primeiro mandato, o republicano chegou a taxar o aço e o alumínio, mas depois recuou parcialmente.
“Por isso, o Mdic [Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior] está fazendo essa avaliação para levar ao presidente o quadro geral, e nós vamos avaliar conjuntamente.”
Atualmente, cerca de 25% do aço utilizado pelos EUA é importado, e o Brasil um dos principais fornecedores. Dados do Departamento de Comércio norte-americano apontam que, em 2024, os brasileiros só ficaram atrás do Canadá, maior exportador de aço para o mercado estadunidense.
A decisão de Trump, formalizada na segunda-feira 10, pode impactar significativamente a siderurgia brasileira, uma vez que os EUA absorveram 18% de todas as exportações nacionais de ferro e aço no ano passado. Desde que a medida foi anunciada, o governo Lula tem adotado cautela para evitar que qualquer manifestação sobre a taxação seja mal recebida pela Casa Branca.
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que também chefia o Mdic, defendeu prudência na resposta brasileira à taxação. Ele destacou que durante o primeiro mandato do republicano um cenário semelhante foi resolvido com a definição de cotas para evitar a aplicação das tarifas.
“É uma relação equilibrada, é um ganha-ganha. Eles até têm um pequeno superávit sobre o Brasil. Vamos aguardar essa questão da taxação. Da outra vez, foram estabelecidas cotas, então vamos aguardar. Nossa disposição é sempre a de colaboração e parceria.”
Na segunda-feira, Haddad havia afirmado que o País aguardaria medidas mais concretas antes de tomar qualquer decisão. A intenção é buscar alternativas por meio do diálogo e evitar ações precipitadas que possam comprometer as relações comerciais.