A Polícia Civil de Santa Catarina prendeu, na última sexta-feira (14), o médico Antônio Teobaldo Magalhães Andrade, de 68 anos, em Salvador (BA). Ele foi condenado a mais de 12 anos de prisão pelo estupro de uma paciente de 26 anos, ocorrido em 2021, dentro de um posto de saúde em Joinville, cidade mais populosa de Santa Catarina.
A prisão foi realizada em uma escola espírita no bairro Caminho das Árvores, região nobre da capital baiana, onde o médico tentou se esconder no sótão ao perceber a presença dos policiais.
A operação foi conduzida pela Delegacia de Combate a Estelionatos de Joinville, em conjunto com o Departamento de Inteligência da Polícia Civil da Bahia (DIP). Antônio será transferido para Santa Catarina, onde cumprirá a pena em regime fechado.
O delegado Rafaello Ross, responsável pelo caso, destacou a importância da prisão: “Sabemos que vítimas de abuso sexual frequentemente enfrentam medo e receio ao denunciar. Por isso, reforçamos a importância de procurar a Polícia Civil. Cada denúncia pode ser essencial para responsabilizar os agressores e evitar que novos crimes ocorram”.
O Crime
O crime ocorreu em agosto de 2021, no bairro Iririú, em Joinville, onde Antônio trabalhava como clínico geral. Ele foi preso inicialmente, mas recorreu e respondeu ao processo em liberdade.
O mandado de prisão foi expedido em 18 de fevereiro, após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) manter a condenação. Desde então, ele era considerado foragido. A defesa do médico afirmou que todos os endereços de Antônio foram informados no processo e que não recebeu nenhum mandado de prisão.
O caso ganhou destaque após o STJ confirmar a condenação, encerrando uma longa batalha judicial. A advogada Ana Paula Nunes Chaves, representante da vítima, celebrou a decisão: “A condenação definitiva do réu em todas as instâncias representa uma importante vitória para a vítima e para todas as mulheres que lutam por justiça. Após uma longa e árdua jornada processual, a verdade prevaleceu e a responsabilização foi confirmada. Esse resultado reafirma a importância de um sistema jurídico que protege as vítimas e combate a impunidade, especialmente em crimes de violência sexual”.
Teobaldo também enfrenta uma condenação na Bahia por estupro de vulnerável, envolvendo uma menina de 13 anos em 2010. Além disso, ele tentou se candidatar a vereador em Itabuna (BA) pelo Partido da Mulher Brasileira (PMB) nas últimas eleições, mas teve a candidatura indeferida devido às condenações.
Teobaldo e o bolsonarismo
Teobaldo era apoiador da tese da intervenção militar com base na interpretação golpista do artigo 142 da Constituição, defendida por bolsonaristas, que atribui às Forças Armadas o papel de “Poder Moderador” e justificaria a tomada do poder por militares em situações de crise. Neste vídeo ele pode ser visto convocando pessoas para uma manifestação de apoio ao inelegível ainda em 2020.
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Falsa patente
Teobaldo se identificava como Tenente Médico Antônio Teobaldo, título que utilizava até mesmo para intimidar uma das vítimas e impedir que ela o denunciasse. No entanto, conforme investigado pela equipe do “Domingo Espetacular”, da RECORD, ele não possui mais qualquer vínculo com o Exército Brasileiro.
Em 1985, ele atuou como oficial médico temporário na instituição, exercendo funções de auditor e chefe de enfermarias, chegando ao posto de primeiro-tenente. Porém, sua patente foi perdida há 36 anos.
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