O bolsonarismo vem sentindo, na “própria pele”, os efeitos de sua atuação ilícita e antipatriótica justamente no terreno que sempre dominou: as redes sociais. Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avançou e lidera no quesito “desempenho digital” dos presidenciáveis, bolsonaristas tiveram forte queda em agosto. Com um crescimento de 15% sobre o mês anterior, Lula passou a ter 24,39 pontos.
A medição, feita pelo Índice Datrix dos Presidenciáveis (IDP), é realizada desde o início do ano e verifica, via inteligência artificial, a performance dos nomes que poderão disputar as eleições de 2026 para o principal cargo da República, avaliando as menções e o engajamento a eles. Para tanto, são analisados dados das redes sociais X, Facebook, Instagram e YouTube.
No levantamento anterior, de julho, Lula já havia mostrado melhora, quadro que refletia o seu comportamento e de seu governo frente ao tarifaço imposto por Donald Trump, usado como chantagem para livrar Jair Bolsonaro (PL) do julgamento por tentativa de golpe de Estado e para interferir no Pix e nas ações do Brasil em busca da regulação das big techs.
Leia também: STF se prepara para julgar Bolsonaro por tentativa de golpe
Na mais recente medição, o avanço de Lula se consolidou em meio a esse processo. “O resultado mostra um raro equilíbrio entre críticas e apoios a um presidente em exercício, que concentra o foco de ataques”, aponta a Datrix, conforme noticiado pela jornalista Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo. Também avançou, em 55%, o engajamento nas redes do presidente.
Na outra ponta, nomes diretamente ligados ao bolsonarismo tiveram queda em seu desempenho digital. Michelle Bolsonaro, a ex-primeira-dama, por exemplo — que era a mais bem colocada em julho — despencou 53% e ficou em sétimo, com 11,88 pontos.
Para os analistas, esse efeito está atrelado às investigações que levaram ao indiciamento de Bolsonaro e de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
A ação diz respeito à atuação de Eduardo junto a Trump a fim de promover retaliação contra o governo brasileiro e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Na sequência, o ex-presidente passou a usar tornozeleira eletrônica e, depois, a cumprir prisão domiciliar por ter ignorado determinações estabelecidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
O racha no campo da extrema direita para ver quem será o candidato no lugar de Bolsonaro — que está inelegível —, também contaminou a performance dos principais governadores aliados do ex-presidente, que passaram ser atacados pelo próprio bolsonarismo.
De acordo com o índice, o mais prejudicado foi Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, que ficou com -1,9 no IDP, desempenho que estaria ligado, ainda, a falas preconceituosas contra o Nordeste.
Esses números e o cenário político mais recente — que ainda ganhará o ingrediente da provável condenação de Bolsonaro e aliados mais próximos, inclusive militares de alta patente, por tentativa de golpe de Estado, no julgamento que começa nesta terça-feira (2) — evidencia o esfacelamento do bolsonarismo, corrente política que mostrou, por seus próprios méritos e crimes, o quão prejudicial é para o país.
Com agências