
Por Ana Oliveira
Pragmatismo Político
Foi solta na tarde de segunda-feira (24) a médica Lívia Maria Ponzoni de Abreu, de 41 anos, presa no domingo após atacar com spray de pimenta uma família, incluindo uma criança de dois anos, durante uma missa na Catedral Nossa Senhora do Desterro, em Jundiaí (SP).
O episódio, que causou pânico e mal-estar entre os fiéis, foi classificado como um ato de violência injustificável. Apesar da gravidade, a Justiça concedeu liberdade provisória mediante fiança de R$ 30.360, valor equivalente a 20 salários mínimos.
O ataque ocorreu durante a celebração religiosa, quando a médica, segundo o boletim de ocorrência, se irritou com o barulho feito pela criança. Ela então teria se aproximado e disparado o spray de pimenta diretamente contra a menina e seus pais. O gás se espalhou rapidamente pela igreja, atingindo também uma gestante e um homem de 27 anos, além de outros fiéis que passaram mal. A missa foi interrompida e a igreja precisou ser evacuada.
A substância utilizada é considerada de uso restrito no Brasil, conforme informou a Guarda Civil Municipal (GCM) de Jundiaí. Não há autorização para a comercialização do tipo de spray encontrado com a médica.
Após o ataque, Lívia Ponzoni foi detida em flagrante, mas permaneceu presa por menos de 24 horas. Durante a audiência de custódia, a Justiça concedeu sua liberdade sob o argumento de que ela não apresentaria risco iminente à sociedade. No entanto, impôs uma série de medidas cautelares: a médica está proibida de se aproximar ou manter qualquer tipo de contato com as vítimas, devendo manter uma distância mínima de 200 metros. Também está impedida de frequentar igrejas ou locais destinados a cultos religiosos num raio de até 50 quilômetros da catedral onde o crime ocorreu.
O pai da criança atacada descreveu o sentimento da família após a soltura da agressora: “É de apreensão, pois não sabemos se ela estava mirando diretamente em nossa família, e de revolta por vê-la solta tão rapidamente. Sinto também insegurança e medo”. Emocionado, ele revelou ainda o impacto que os comentários de parte do público têm causado: “Estamos entristecidos com algumas reações nas redes e na imprensa. Tem gente culpando nossa filha, uma criança de apenas dois anos”.
A família já articula medidas judiciais contra a médica. “Estamos conversando com nosso advogado para entrar com uma ação por danos morais e constrangimento”, informou o pai da menina.