O comunicador negro Raphael Fonsec foi agredido e ameaçado por um casal que ficou incomodado com ele durante o desfile da São Paulo Fashion Week (SPFW). Nas redes sociais, o jovem lamentou ter sido humilhado e disse que foi hostilizado porque estaria “impedindo a visão do desfile”.
“O desfile estava lotado, não tinha mais lugar para sentar e eu estava em pé”, relata o comunicador, destacando que outras pessoas estavam em pé mas o casal se incomodou apenas com ele.
Segundo o comunicador, o casal teria ameaçado o jovem diversas vezes, inclusive fazendo comentários a cor de pele do jovem. “O marido dela me ameaçou muito. No final do dia, quem não pode errar ali naquele ambiente sou eu [por ser negro]”.
“Eu sei que [reagir] não ia me favorecer em nada. Apesar das pessoas estarem ao meu redor, só uma teve coragem de gravar o que estava acontecendo. Eu tive que me manter forte para conseguir sobreviver, porque eu não sabia do que ele [marido] seria capaz”.
Médica neurologista
A mulher que aparece no vídeo (assista abaixo) é a médica neurologista Juliana Dias. Ela atua em hospitais renomados em São Paulo, como o Santa Catarina – Paulista, Rede D’or São Luiz, A Beneficência Portuguesa e Oswaldo Cruz.
Após a repercussão do caso, Juliana Dias divulgou um vídeo nas redes para contar a sua versão. Na resposta, a médica alegou que sua presença no evento era legítima, que os ingressos foram comprados “sem qualquer privilégio” e que foi ao local como amiga do estilista.
“Fui ali como cidadã, como amiga, como alguém que valoriza a arte e a cultura”, afirmou. Ela reconheceu que sua atitude poderia ter sido evitada, mas negou má intenção: “Errei na forma, não no caráter. Não houve dolo, privilégio ou afronta. Houve humanidade”.
A médica também criticou o julgamento público nas redes sociais e disse que seguirá em paz, apesar da repercussão. “Transformaram um gesto pessoal em um escândalo, desconsiderando toda uma história de serviço, de ética e de compromisso”, escreveu. Raphael, por sua vez, disse que tomará as medidas cabíveis.
