Uma médica de origem libanesa foi deportada dos Estados Unidos após ser detida no Aeroporto Internacional Logan, em Boston, sob a acusação de ter conexões com o Hesbolá, partido libanês considerado terrorista pelo governo americano.

A médica, cuja identidade não foi totalmente divulgada, viajava ao Líbano para visitar familiares quando foi interceptada por agentes da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP, na sigla em inglês). Segundo relatos, as autoridades encontraram em seu celular fotos consideradas “simpáticas” ao Hesbolá, incluindo imagens de líderes do grupo e bandeiras. Apesar de a médica negar qualquer envolvimento com “atividades terroristas”, alegando que as fotos eram apenas parte de seu ambiente cultural e familiar, ela foi detida e, posteriormente, deportada para o Líbano.

O caso chamou a atenção não apenas pela gravidade das acusações, mas também pelo perfil da médica: uma profissional respeitada, com formação em universidades norte-americanas e sem antecedentes criminais. Em entrevista à emissora libanesa Al Mayadeen, a médica afirmou que as fotos eram antigas e disse: “eu sou uma médica, não uma militante. Minha vida é dedicada a salvar vidas”.

O Hesbolá, grupo e partido político e militar baseado no Líbano, é considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos desde 1997, ao contrário do que avalia o Brasil e a ONU. Dentro do Líbano, o grupo tem amplo apoio popular, especialmente entre a comunidade xiita e do sul libanês, desempenhando um papel significativo na política e na defesa do país. Essa dualidade de percepções — terrorista para o imperialismo, resistência legítima para todos os demais povos do mundo — torna mais clara a compreensão deste fato.

Para os EUA, a deportação é justificada como uma medida de segurança nacional. “Qualquer indivíduo que demonstre apoio a organizações terroristas representa uma ameaça potencial e será tratado de acordo com a lei”, afirmou um porta-voz do Departamento de Segurança Interna. Organizações como a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) argumentam que a detenção e deportação de indivíduos com base em fotos ou associações culturais é desproporcional e viola direitos fundamentais.

No entanto, é possível que este caso seja interpretado como particular dos EUA, mas não é verdade. O caso da médica libanesa não é isolado e encontra paralelos em outros países, incluindo o Brasil. Em 2021, um marroquino foi deportado após ser acusado de ter vínculos com o grupo Estado Islâmico. As autoridades brasileiras alegaram que o indivíduo havia postado mensagens em redes sociais que glorificavam “atos terroristas”. No entanto, não havia uma prova, concreta ou sequer abstrata, e o viés discriminatório na decisão por ordem do sionismo era claro.

Outro caso emblemático foi o de Lucas Passos, brasileiro preso e condenado em uma operação comandada pelo Mossad – de acordo com o próprio governo israelense – simplesmente por que realizou algumas viagens ao Líbano.

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Last Update: 20/03/2025