O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira. Foto: Divulgação

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, desembarcou neste domingo (27) em Nova York com a missão de conter os danos da crise diplomática entre o governo brasileiro e os Estados Unidos. A visita ocorre a poucos dias da entrada em vigor da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo presidente Donald Trump.

As medidas, programadas para começar em 1º de agosto, têm como pano de fundo não só disputas comerciais, mas também exigências políticas ligadas ao processo judicial de Jair Bolsonaro. Vieira participa de um evento na sede da ONU voltado à questão palestina, tema originalmente agendado para abril, mas postergado após o início do conflito entre Israel e Irã.

Com o agravamento da tensão entre Brasília e Washington, o encontro passou a ser uma oportunidade para sinalizar abertura ao diálogo diplomático. O Itamaraty já havia enviado um emissário a Washington na semana anterior, com a missão de sondar a disposição americana para uma negociação em nível ministerial.

O emissário manteve conversas com representantes da Casa Branca, informando que Vieira estaria disposto a dialogar com qualquer autoridade indicada por Trump. No entanto, a diplomacia brasileira deixou claro que qualquer interferência no processo contra Jair Bolsonaro, que responde por tentativa de golpe e outros crimes, está fora da pauta.

A Casa Branca, por sua vez, continua condicionando a abertura do diálogo à interrupção do caso judicial, o que tem travado qualquer avanço real nas conversas. Enquanto isso, o deputado Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo seguem pressionando congressistas republicanos e aliados de Trump a imporem sanções ao Brasil.

Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo. Foto: Divulgação

Segundo relatos, os dois defendem punições ao país como forma de forçar uma anistia a Bolsonaro. Em meio à pressão, Vieira optou por permanecer em Nova York até terça-feira (29), enquanto avalia se irá ou não a Washington.

Ele só embarcará à capital americana com agenda oficial previamente confirmada, evitando um possível constrangimento diplomático. Nos bastidores, diplomatas brasileiros afirmam que o gesto de Vieira serve para demonstrar disposição total ao diálogo, contrastando com o discurso americano de que o Brasil se mostra inflexível.

Paralelamente, uma comitiva de senadores brasileiros também está em Washington tentando intermediar contatos com empresários e parlamentares dos EUA. As conversas seguem discretas, mas indicam uma tentativa de desescalar a crise comercial.

Desde o anúncio das tarifas em 9 de julho, os EUA já adotaram duas novas medidas contra o Brasil: a abertura de uma investigação por supostas práticas desleais e a restrição de entrada no país ao ministro Alexandre de Moraes, além de outros membros do STF e do procurador-geral da República, Paulo Gonet.

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Last Update: 27/07/2025