O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se reuniu nesta quarta-feira (30) com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, em Washington, no momento mais tenso da relação bilateral desde o início do segundo mandato de Donald Trump. 

O encontro ocorreu no mesmo dia em que a Casa Branca confirmou o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros e anunciou sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com base na Lei Magnitsky.

Em pronunciamento na embaixada brasileira, após a reunião, Vieira afirmou que o Brasil está aberto ao diálogo, mas não aceitará ingerências sobre decisões internas. 

“É inaceitável e descabida a ingerência na soberania nacional no que diz respeito a decisões do Poder Judiciário do Brasil, inclusive a condução do processo judicial no qual é réu o ex-presidente Jair Bolsonaro”, disse. 

Ele acrescentou que “o Poder Judiciário é independente no Brasil, tanto quanto aqui, e que não se curvará a pressões externas”, reforçando que o governo “se reserva o direito de responder às medidas adotadas pelos Estados Unidos”. 

Os dois lados concordaram sobre a importância de manter o diálogo para buscar soluções bilaterais, segundo declaração de Vieira após reunião.

As medidas norte-americanas ocorreram em duas frentes. De um lado, Trump assinou a ordem executiva que impõe tarifa de 50% a produtos brasileiros, com quase 700 exceções. As taxas entram em vigor no dia 6 de agosto, e mercadorias já em trânsito para os EUA ficam isentas da cobrança. 

De outro, o governo norte-americano aplicou sanção contra Alexandre de Moraes, por meio da Lei Magnitsky, que bloqueia bens e empresas de alvos considerados violadores de direitos humanos pelo Departamento de Estado.

O pano de fundo das medidas, segundo a Casa Branca, é o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado no STF, tema citado pelo chanceler na conversa com Rubio. 

Vieira reiterou que o Brasil está disposto a retomar as negociações comerciais iniciadas em 7 de março deste ano, paralisadas desde 9 de julho, quando Trump divulgou carta criticando o Judiciário brasileiro e ameaçando retaliações.

O chanceler retorna ao Brasil ainda na noite desta quarta-feira para relatar pessoalmente o teor das conversas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A expectativa é que as decisões sobre eventuais respostas do Brasil sejam tomadas a partir dessa reunião.

No fim da tarde, Lula convocou encontro de emergência no Palácio do Planalto, com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin e dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União). 

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Last Update: 31/07/2025