
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, afirmou que representantes do agronegócio contribuíram financeiramente com os acampamentos golpistas em frente a quartéis-generais do Exército. Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda (9), ele detalhou como recebeu dinheiro do general Walter Braga Netto para repassar aos manifestantes.
O militar diz que recebeu mensagens de bolsonaristas que queriam articular os acampamentos golpistas e decidiu conversar com o general. “Eu fui procurar o general Braga Netto, que me orientou a procurar o pessoal do partido [PL]. Lembro que o intuito, pelo menos na minha cabeça, eram manifestações apoiadas pelo Exército na frente dos quarteis”, afirmou.
Segundo Cid, os articuladores dos acampamentos pediram ajuda para levar pessoas de outros estados, como do Rio de Janeiro, a Brasília. Posteriormente, ele conversou com um coronel que atuava como tesoureiro do PL para buscar recursos, mas não teve apoio.
“Depois, o general [Braga Netto] trouxe uma quantia em dinheiro, que eu não sei precisar quanto foi, mas com certeza não foram R$ 100 mil, que foi passado para o major de Oliveira, no próprio Alvorada”, prosseguiu.
O militar citado pelo tenente-coronel é Major Rafael de Oliveira, um “kid preto”, que teria pedido R$ 100 mil para manter os acampamentos. O dinheiro repassado por Braga Netto estava dentro de uma caixa de vinho, segundo ele.
Em outro momento, Cid foi questionado sobre qual seria a origem do dinheiro. “Na época, disseram que era do pessoal do agronegócio”, respondeu.
O agro não é pop, o agro é golpe. Mauro Cid contou que a grana usada para fomentar os acampamentos golpistas viria do agronegócio. E neste trecho aqui, ele detalha o dia que recebeu uma grana do Braga Netto. Só piora para o Bolsonaro. pic.twitter.com/Hjd9vqtGZR
— GugaNoblat (@GugaNoblat) June 9, 2025
O tenente-coronel é o primeiro réu da trama golpista interrogado no processo. Ele é um dos oito membros do chamado “núcleo crucial” e atuava como porta-voz do ex-presidente, levando informações e orientações aos demais integrantes, segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Os outros réus serão ouvidos em ordem alfabética:
- Alexandre Ramagem;
- Almir Garnier;
- Anderson Torres;
- Augusto Heleno;
- Jair Bolsonaro;
- Paulo Sérgio Nogueira;
- Walter Braga Netto.