
O papa Francisco, que morreu nesta segunda (21), deixa uma memória positiva na história do mundo, mas nem todos os que ocuparam o posto são lembrados da mesma forma.
Alguns líderes da Igreja Católica dos séculos X ao XVI ficaram marcados por corrupção, massacres, assassinatos e estupros.

Um deles é Alexandre VI (1492-1503). Membro da família Bórgia, ele assumiu o papado comprando o título por meio do suborno de cardeais. Durante seu período como papa, desviou dinheiro para a família, vendeu posições eclesiásticas e mandou matar supostos “hereges” para confiscar suas propriedades.
Até hoje, o nome “Bórgia” é sinônimo de libertinagem. Existe uma lenda sobre seu papado de que ele teria cometido incesto com a própria filha.

Conhecido por ataques de fúria e detestado por cardeais, Urbano VI (1378-1389) mandou torturar membros da Igreja Católica que o rejeitavam.
Na época, um segundo papa foi eleito em meio ao seu papado, o que gerou o Cisma do Ocidente, quando o catolicismo teve dois líderes rivais e uma guerra civil foi gerada em Portugal com grupos que apoiavam representantes diferentes.

Leão X (1513-1521), membro da família Médici, foi criado desde criança para a carreira religiosa e seu papado ficou marcado pela ostentação. Logo após o início do mandato, mandou uma criança desfilar em Roma, na Itália, anunciando uma nova “Era Dourada”. O menino morreu, mas a festa continuou.
Durante o período em que esteve no posto, arruinou os cofres da Igreja com gastos em arte e arquitetura. Ele passou a cobrar indulgências, pedindo dinheiro para absolver pecados, o que gerou revolta no monge alemão Martinho Lutero.

Autor de um massacre que deixou 6 mil mortos com seu exército, que saqueou e queimou a cidade de Palestrina em 1298, Bonifácio VIII (1294-1303) via o posto de papa como o de imperador do mundo. Ele declarou poder absoluto do pontífice sobre todos os outros governantes.

Outro papa conhecido por participação em guerra foi Clemente VII (1523-1534). Também membro da família Médici, o religioso causou a Guerra da Liga de Cognac, conflito de franceses e italianos contra espanhóis e alemães. Em 1527, um grupo dos dois últimos países invadiu Roma por falta de pagamento e saqueou a cidade. Ele foi responsável pelo fim da Renascença italiana.

Condenado pela história, Inocêncio IV (1243-1254) não era visto como alguém cruel por seus contemporâneos. Ele não se envolveu em nenhum escândalo no período, mas deixou como legado a bula Ad Extirpanda, de 1252, que autorizava e regulamentava o uso de tortura pela Inquisição.
A regra proibia amputações e estabelecia que as execuções deveriam ser feitas somente por autoridades seculares, que poderiam também confiscar propriedades como ressarcimento pelo serviço prestado. Inocêncio IV ainda mandou confiscar todos os talmudes, livro sagrado dos judeus.

Acusado de fazer sexo com a própria sobrinha, estuprar peregrinas, fazer brindes ao diabo e castrar um padre e cegar outro, João XII (955-964) foi absolvido após convocar um sínodo, em 963, para inocentar a si mesmo. Ele acabou sendo morto pelo marido de uma das vítimas.

Responsável pelo Sínodo do Cadáver, cerimônia que pôs num trono o corpo do papa Formoso, seu pré-antecessor, para que fosse julgado, Estêvão VI (896-897) ficou conhecido por agradar aliados políticos. Ele foi preso e estrangulado meses depois do escândalo com os restos mortais do representante anterior.

Sérgio III (904-911) também teve um episódio envolvendo o julgamento de um cadáver durante seu papado. Ele, que mandou executar seus dois antecessores, desenterrou os corpos de Formoso e Estêvão, anulou todas as decisões anteriores e providenciou um túmulo mais honrado para o segundo.
O religioso também ficou conhecido por ser festeiro e dar início à chamada “pornocracia”, evento que fazia os papas serem cercados por prostitutas. Sérgio chegou a ter um filho com uma delas, João XI, que se tornou papa posteriormente.

Acumulador de escândalos, Bento IX (1012-1056) vendeu seu papado e se arrependeu. Ele havia recebido permissão para assumir o posto como presente de seu pai, que comprou e pressionou cardeais para colocarem o filho na “fila”.
Bento assumiu o papado pela primeira vez aos 20 anos, mas ofereceu a cadeira ao padre Giovanni Gratian, seu padrinho, após decidir se casar. Com o fim do matrimônio, voltou a Roma e conquistou a cidade com um exército, mas foi expulso e ocupou a região novamente. Ele foi acusado de uma série de crimes, como estupros, assassinatos e sodomia.
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