Nas últimas semanas o avanço da violência na Síria tem alarmado o mundo. Apenas no último final de semana mais de mil pessoas foram mortas. A situação decorre do embate entre forças fiéis a Bashar-al-Assad, deposto em dezembro, e as forças do governo de transição, acusada de executar civis da minoria alauíta, da qual Assad é oriundo. Com isso, a Rússia e os Estados Unidos solicitaram uma reunião de emergência ao Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) que acontece nesta segunda-feira (10).

De acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) foram mortos 754 civis, 148 combatentes ligados a Assad e 125 combatentes do governo atual. A entidade entende que estes números estão subestimados, sendo que a quantidade de mortos deve ser ainda maior. Entre as vítimas executadas grande parte são mulheres e crianças. Não há confirmação dos números por parte de autoridades sírias.

As informações de agências internacionais colocam que a reunião do Conselho de Segurança (que ainda reúne China, França e Reino Unido de forma permanente, além da Dinamarca, Grécia, Paquistão, Panamá, Somália, Serra Leoa, Argélia, Coreia do Sul, Eslovênia e Guiana de forma interina) será de portas fechadas. Relatos dão conta de casas de alauítas saqueadas e de execuções sumárias, com corpos empilhados nas ruas.

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O atual presidente sírio, Ahmad al Sharaa, diz que os responsáveis pelas mortes e saques serão responsabilizados. No entanto, atribuiu a atual turbulência aos combatentes ligados a Assad e a governos estrangeiros que apoiaram o seu regime por 24 anos. O conflito tem colocado pressão sob o governo temporário ao atrair a atenção internacional quando todos esperavam por uma transição sem retaliações.

Os alauítas, mesmo sendo minoria, sempre estiveram representados ao compor o governo de Assad e seu corpo militar. Calcula-se que 9% da população corresponda ao ramo do islamismo xiita.

O novo governo é de sunitas, que são maioria no país e se julgam subrepresentados ao longo das décadas de comando de Hafez al-Assad, que ficou à frente do país entre 1971 e 2000, e seu filho Bashar de 2000 a 2024.

A população ainda é composta por curdos, cristãos e drusos, entre outros grupos. Em especial os alauítas, pelo passado ligado ao poder, estão vivendo com medo, pois mesmo os que não tem ligação com Assad, seja militar ou não, estão sendo reprimidos, conforme os relatos colhidos. Eles indicam que os militares tem promovido uma limpeza étnica, principalmente nas províncias de Tartous e Latakia, esta última berço da etnia.

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Last Update: 10/03/2025