A polícia marroquina prendeu novamente a ativista e blogueira Saida El Alami na terça-feira, 1º de julho de 2025, em Casablanca — pouco mais de um ano após sua libertação por meio de um indulto real. Segundo fontes da imprensa e de organizações de direitos humanos, as acusações contra ela envolvem “ofensa a uma instituição organizada”, “desacato ao poder judiciário” e “divulgação de informações falsas” nas redes sociais.

Fatos

Prisão anterior: Saida foi condenada pela primeira vez em março de 2022 a dois anos de prisão por “ofensas a funcionários públicos” e “divulgação de informações falsas”. Em setembro de 2022, a sentença foi aumentada para três anos em segunda instância. Ela também foi condenada, em outubro de 2023, a mais oito meses por “ofensa ao rei e ao judiciário”, mas essa pena foi posteriormente reduzida.

Indulto real: Em 29 de julho de 2024, o rei Mohammed VI concedeu um indulto real a 2.476 presos, entre eles Saida El Alami, por ocasião dos 25 anos de sua coroação.

Nova prisão: Ela foi detida novamente em 1º de julho de 2025 e apresentada ao tribunal no dia 3. A audiência foi adiada para 8 de julho, com ela mantida em prisão preventiva.

Análise: liberdades sob ataque

1. A criminalização da opinião

As acusações contra Saida baseiam-se em postagens críticas nas redes sociais. No entanto, organizações de direitos humanos consideram que essas manifestações estão dentro do direito legítimo à liberdade de expressão. O uso recorrente de termos como “notícias falsas” e “ofensa a instituições” tornou-se um padrão na repressão a vozes dissidentes no Marrocos.

2. O judiciário como ferramenta de repressão

Especialistas apontam que o caso de Saida reflete um padrão mais amplo no país: o uso do sistema judicial para silenciar críticos. Sua reencarceramento após um indulto real lança dúvidas sobre a efetividade das garantias jurídicas em vigor.

3. Reações locais e internacionais

Manifestações de solidariedade ocorreram diante do tribunal de Casablanca. Juristas e militantes exigiram sua libertação imediata, afirmando que as acusações carecem de base jurídica sólida. A imprensa independente e veículos internacionais também denunciaram a prisão como uma nova escalada no ataque à liberdade de expressão

Conclusão: onde está a liberdade de expressão no Marrocos?

A repressão à liberdade de expressão no país requer reformas profundas e estruturais: independência real do judiciário, fim do uso político das leis penais e garantias de que críticas públicas não serão punidas com prisão.

Enquanto isso, cabe à sociedade civil — dentro e fora do país — manter a vigilância e a pressão para que vozes como a de Saida não sejam silenciadas definitivamente.

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Last Update: 09/07/2025