O presidente da Meta, Mark Zuckerberg, acusou o governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de pressionar a empresa para impedir a circulação de conteúdos referentes à Covid-19 – sem especificar que tipo de conteúdo teria sido alvo de uma suposta censura.
Zuckerberg, que lidera a empresa responsável por plataformas como Facebook, Instagram e WhatsApp, fez a denúncia em uma carta enviada na última segunda-feira 16 ao presidente do Comitê Judicial da Câmara dos Representantes dos EUA.
“Em 2021, altos funcionários do governo Biden, incluindo a Casa Branca, pressionaram repetidamente nossas equipes por meses para censurar certos conteúdos sobre a Covid-19, incluindo humor e sátira, e expressaram muita frustração com nossas equipes quando não concordamos.”
Na carta, Zuckerberg não detalha quais conteúdos, especificamente, foram alvos da suposta pressão do governo Biden. Ele disse que considera que a postura do governo norte-americano foi “errada”. “Lamento não termos sido mais francos sobre isso”, mencionou Zuckerberg.
“Também acho que fizemos algumas escolhas que, com o benefício da retrospectiva e de novas informações, não faríamos hoje.”
A Casa Branca, ao tratar do caso, manteve a postura que vem sendo adotada desde o início da gestão Biden, afirmando que “as empresas de tecnologia e outros atores privados devem ter em conta os efeitos que as suas ações têm sobre o povo americano, ao mesmo tempo que fazem escolhas independentes sobre as informações que apresentam”.
Nas eleições de 2020, Zuckerberg fez doações a organizações sem fins lucrativos para a realização do pleito. Os recursos, destinados através da Chan Zuckerberg Initiative, teve como finalidade, segundo o empresário, fazer com que os eleitores pudessem votar “com segurança durante uma pandemia global”. O presidente da Meta negou que vá fazer doações a alguma campanha na eleição presidencial deste ano.
Com ou sem doação, os republicanos comemoraram a denúncia de Zuckerberg. A conta oficial do Comitê na Câmara, controlado pelo partido do ex-presidente Donald Trump, disse que a carta de Zuckerberg representa uma “grande vitória para a liberdade de expressão”.
Pressão contra conteúdos relacionados ao filho de Biden
No documento, Zuckerberg também relatou ter sido pressionado para que a Meta reduzisse a circulação de conteúdos relacionados a um caso envolvendo Hunter Biden, filho do presidente.
Segundo o empresário, o FBI teria alertado a Meta “sobre uma potencial operação de desinformação sobre a família Biden” antes da realização da eleição de 2020.
Na época, uma série de reportagens do jornal New York Post indicou que o próprio Biden teria influenciado nas relações comerciais entre o filho e o grupo Burisma, que produz gás natural na Ucrânia. Quando presidente, Trump pediu a Volodymyr Zelensky que Hunter fosse investigado sobre a sua atuação no país europeu.
Zuckerberg, por sua vez, admitiu que a Meta reduziu o alcance dos conteúdos ligados ao caso, enquanto a empresa checava as informações sobre a suposta campanha de desinformação russa.
“Desde então, ficou claro que a reportagem não era desinformação russa e, em retrospectiva, não deveríamos ter rebaixado a história. Mudamos as nossas políticas e processos para garantir que isso não aconteça novamente – por exemplo, já não rebaixamos temporariamente coisas nos EUA enquanto esperamos a verificação de fatos.”