O peruano Mario Vargas Llosa, vencedor do prêmio Nobel de Literatura em 2010, morreu no domingo 13 aos 89 anos em Lima, onde viveu os últimos meses afastado dos eventos públicos após uma carreira prolífica que o levou ao topo das letras hispânicas.

Escritor universal, Vargas Llosa integrou o chamado ‘boom’ latino-americano ao lado de outros grandes nomes como o colombiano Gabriel García Márquez, o argentino Julio Cortázar e os mexicanos Carlos Fuentes e Juan Rulfo.

“Com profunda dor, tornamos público que nosso pai, Mario Vargas Llosa, faleceu hoje em Lima, cercado por sua família e em paz”, escreveu seu filho mais velho, Álvaro, em uma mensagem também assinada por seus irmãos Gonzalo e Morgana.

O governo peruano decretou “Luto Nacional no dia 14 de abril” e anunciou bandeiras a meio mastro em áreas do Estado devido ao falecimento.

A família não informou o horário nem as causas da morte, mas o escritor laureado estava com sua saúde debilitada desde que voltou à capital peruana em 2024, após deixar Madri.

“Sua partida entristecerá seus parentes, seus amigos e seus leitores ao redor do mundo, mas esperamos que encontrem consolo, como nós, no fato de que ele gozou de uma vida longa, múltipla e frutífera”, acrescentou a família no comunicado divulgado nas redes sociais.

A presidente peruana, Dina Boluarte, lamentou o falecimento e afirmou que “seu gênio intelectual e sua vastíssima obra permanecerão como um legado imperecível para as futuras gerações”.

Vargas Llosa planejou as ações que deveriam ser adotadas após sua morte e deixou instruções para seus filhos, incluindo a ausência de cerimônia pública.

O autor da obra-prima Conversas no Catedral também pediu para ser cremado e ter uma despedida com cerimônia  privado, apenas para a família e os amigos próximos.

O escritor peruano Alfredo Bryce Echenique, amigo de Vargas Llosa, afirmou que a partida é “um luto para o Peru”. “Ninguém nos representou tanto quanto ele no mundo por sua obra em geral, sua teimosia, sua limpeza, sua enormidade”, acrescentou.

Obras

A lista de publicações do autor é longa, tendo iniciado em 1959 com Os Chefes. Em 2020, Varga Llosa publicou seu último livro, Tempos Ásperos. Ao longo da carreira, as obras A Festa do Bode e Os filhotes foram algumas das que o tornaram ainda mais conhecido ao serem traduzidas em diferentes países. Parte de suas publicações foi adaptada ao cinema e TV.

Discreto

Nascido na cidade de Arequipa, sul do Peru, em 28 de março de 1936, Vargas Llosa passou os últimos meses de maneira discreta na capital ao lado da família, afastado de eventos públicos.

Mas algumas fotos mostraram seu novo estilo de vida. Acompanhado pelo filho Álvaro, o escritor se dedicou em Lima a relembrar seus passos, visitando os locais que o inspiraram para criar alguns de seus romances emblemáticos.

Vargas Llosa viveu esta última etapa sob os cuidados de sua filha Morgana e de sua ex-esposa Patricia Vargas Llosa.

A saúde do escritor foi afetada consideravelmente a partir de 2023, após ter sido hospitalizado em junho por contrair covid-19 pela segunda vez, quando vivia na Espanha, país do qual recebeu a nacionalidade em 1993. Em abril de 2022, ele havia sido contagiado pela primeira vez.

Ligação com a extrema-direita

O autor, para além da literatura, também ficou conhecido, nos últimos tempos, por ser um apoiador da extrema-direita na América Latina. No passado, se posicionou contra regimes autoritários.

No seu país, o Peru, ele apoiou a extrema-direita ao declarar voto na então candidata Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori, em 2021. O esquerdista Pedro Castillo acabou vencendo aquele pleito. Antes, em 1990, chegou a ser ele mesmo o candidato por uma coligação de centro-direita.

No Chile, endossou em 2021 José Antonio Kast contra Gabriel Boric, que saiu vencedor daquela eleição. Em 2019, na Argentina, declarou apoio a Mauricio Macri, derrotado pelo peronista Alberto Fernández.

No Brasil, por fim, fez críticas ao estilo, mas saiu em defesa de Jair Bolsonaro na disputa contra Lula em 2022. Ele também fez elogios ao ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro.

(Com AFP)

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 14/04/2025